08/12/2017 / às 9h15
O Rap recebeu mais uma bela produção na última quarta-feira (06), o esperado clipe “Coisa de Preto” do rapper Wallace Cardozo, mais conhecido como Wall.
Ao ser perguntado sobre o nome da música, Wall reitera a resistência da população negra em todos os espaços, inclusive no Rap. A música, cujo nome faz alusão à polêmica declaração do jornalista William Waack, conta com um instrumental envolvente, assinado por Heetz, beatmaker também baiano, de Simões Filho.
“Coisa de preto é resistir. A nossa existência já é uma resistência, a cada olhar, a cada oportunidade negada estamos resistindo”, afirma Wall, explicando que o clipe trata de questões cotidianas sobre o ser negro no Brasil, abordando questões polêmicas como a ação policial ou as mazelas do ofício de empregada doméstica, por exemplo.
UBUNTU
A falta de financiamento no Rap baiano faz com que os artistas recorram cada vez mais à criatividade e coletividade.
Wall faz parte do grupo WWL RAP, de Lauro de Freitas, que tem a temática racial frequente nas canções, versando a realidade difícil dos jovens negros.
A produção de Coisa de Preto foi independente, como as outras do grupo. “Usamos o sistema de permuta, de chegar no brother explicar o projeto e pedir ajuda”, conta Wall. Entre as pessoas que acreditaram nesse projeto estão Tamires Allmeida e Ramires Ax, nas imagens, Fernanda Kétsia na maquiagem, Miriam Souza no cabelo e a gravadora de rap NACALADAREC.
O elenco também foi todo de convidados, entre eles a poetisa Fabiana Lima, do Slam das Minas. O cantor e produtor Wall Cardozo dividiu o que imaginou para o clipe: “Fabiana é poetisa e estudante de enfermagem, e como eu cito essa coisa de preto de jaleco na música, achei que ficaria forte, tanto que é a imagem que encerra o clipe.”
“Eu sou a cor dessa cidade,
mas não tenho professor
de cor na faculdade,
ou um preto de jaleco
na unidade de saúde,
onde as pessoas morrem
na fila sem dignidade.”
EVOLUÇÃO HIP HOP
Quem deseja saber mais sobre a agenda do hip hop baiana e nacional pode acompanhar o programa Evolução Hip Hop, que há quase dez anos ocupa uma hora da Faixa Negra da Rádio Educadora, emissora pública que integra o Instituto de Rádio Difusão Educativa da Bahia. Trata-se de um programa independente, produzido pela CMA HIP-HOP (Comunicação, Militância e Atitude Hip Hop), com conteúdo educativo, informativo e de entretenimento, contribuindo com a luta de enfrentamento ao racismo, a intolerância religiosa e para a garantia de direitos.
Site: http://www.educadora.ba.gov.br/evolucaohiphop/
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Beatriz Almeida é repórter do Portal Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo