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COJIRA DF discute igualdade racial

 

 

Racismo, pluralidade, diversidade na rádio e TV e a falta da liberdade de expressão (ou de se expressar) foram os temas discutidos ontem (27) no lançamento em Brasília da campanha “Para Expressar a Liberdade”, que aconteceu em conjunto à comemoração de 5 anos da Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF). O evento, realizado no Sindicato dos Jornalistas do DF, contou com a participação de diversos representantes de entidades da sociedade civil, que apontaram alguns desafios a serem enfrentados na luta pela democratização da comunicação.
Os dados sobre o racismo na mídia foram apresentados pelo professor e cineasta Joel Zito, que palestrou sobre comunicação e igualdade racial. Segundo ele, a proporção na qual os negros aparecem, por exemplo, na TV, não corresponde à realidade brasileira. As pesquisas nas quais participou indicam que, em uma semana de programação (pouco mais de 300 programas de variedade), apenas 3 programas tratavam sobre a temática negra. Mas o mais alarmante, a porcentagem de apresentadores eurodescendentes em telejornais chega a 93%. “A representação racial na mídia deve corresponder à proporção de negros e índios do Brasil para garantir a diversidade” diz o professor.

Problemas de questões étnicas na TV não são uma exclusividade do Brasil. Joel constatou que na América Latina como um todo se utilizam de conteúdos veiculados na mídia para propagar valores preconceituosos. “Na ruas já se naturalizou o branqueamento da estética apresentada na televisão”, afirma o cineasta.

 

Antônio Mario Ferreira, sub-secretário de ações afirmativas da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial do DF, fez uma crítica ao modelo de regulamentação do país. “Os mesmos interessados em fechar as rádios comunicatárias são aqueles que vão ao congresso pedir liberdade de expressão”, diz ele. Sionei Leão, integrante da Cojira-DF, ainda acrescenta que “é na luta pela democratização da comunicação que podemos perceber a nossa diversidade cultural”.

 

 

Para expressar a liberdade
A campanha nacional “Para Expressar a Liberdade” visa pressionar o andamento da construção do novo marco regulatório para as comunicações. Gésio Passos, membro do Intervozes, explicou que a campanha nasceu como uma reação dos movimentos de comunicação à morosidade do governo em discutir com a sociedade uma nova legislação. “A campanha é um desdobramento da Conferência Nacional de Comunicação de 2009. Esperamos que o governo solte logo a consulta pública sobre o seu projeto de lei”, apontou Gésio.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Lincoln Macária, a sociedade inicia uma guerrilha para enfrentar um setor tão poderoso como os empresários de rádio e TV. “Precisamos nos disciplinar, porque o outro lado é muito organizado”, afirmou. O lançamento também exibiu o curta “Cordel da Regulação da Comunicação”, video realizado pelo Centro de Cultura Luis Freire discutindo a liberdade de expressão no país.

 

Fonte: Jeronimo Calorio para o Observatório do Direito à Comunicação      

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