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Cotistas e pobres: será que são bem-vindos nas universidades?

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O texto da docente Suzana Herculano-Houzel, divulgado dia 24/03, sobre os procedimentos que os alunos devem adotar para ter acesso a sua aula, gerou polêmica nas redes sociais. Segundo a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para poder assistir à disciplina ministrada por ela, o graduando deve apresentar apostila, cuja impressão custa 50 reais, antes de entrar na sala. O problema surgiu quando Herculano-Houzel publicou que os julgamentos feitos a ela, pelo valor do material, não são consistentes, pois, segundo a PhD em neurociência , “alunos cotistas recebem quase dois mil reais para estudar”. Por acreditarem que a pesquisadora foi preconceituosa e ainda ter divulgado informação falsa sobre o valor da bolsa, estudantes fizeram questão de se posicionar e debater sobre a questão. “Com todo o respeito, o primeiro erro da sua fala é dizer que todos os cotistas recebem bolsa, o segundo, e mais grave, é não levar em consideração que também existe gente pobre cursando a universidade”, disse uma internauta.

Outro estudante indagou a neurocientista se ela “daria conta” de estudar em determinadas condições. “Eu entendo o seu desabafo, professora Suzana… mas as políticas de Assistência e Permanência na nossa universidade são terríveis! Viver com 550,00 por mês, numa cidade que muitas vezes não é a sua (e dado o altíssimo custo de vida do RJ), chega a ser uma piada. A senhora daria conta?”, comentou o jovem.

Chamada de desinformada por alguns, Suzana Herculano-Houzel confirma que errou o valor da bolsa e justificou a sua postagem. “Eu NÃO escrevi contra apoio financeiro para cotistas (que, acabo de conferir no site da UFRJ, é de fato de 400 reais mensais para moradia, não 1200 – acabo de aprender a não confiar mesmo em fontes aparentemente confiáveis, anotado). Escrevi que me entristece ver alunos que ganham acesso à universidade (e que em outras sociedades, onde a universidade é valorizada, sabem que a regra do jogo é trabalhar para bancar seus estudos) reclamarem de ter que pagar ALGUMA COISA para estudar (quando a universidade já é ‘de graça’, digo, sustentada por impostos)”.

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Não é a primeira vez em que a neurocientista, conhecida por participações em programas televisivos de divulgação das ciências médicas,  aborda assuntos que envolvem os alunos cotistas. Em 2013, a docente, em texto intitulado como “Cotas na Universidade, não! Ensino básico decente primeiro, isso sim”, a pesquisadora mencionou que o rendimento das turmas dela tinha caído nos últimos anos. Umas das hipóteses levantadas pela educadora afirmava que a causa para o problema seria a entrada de estudantes do ensino público na universidade. “Temos alunos do ensino público entrando nas universidades, viva! – mas a dura realidade, e NADA SURPREENDENTE, é que esses alunos NÃO têm a MENOR condição de acompanhar as aulas. A necessidade de educação deles não pode ser corrigida, nem suprida, pela universidade: tinha que ter acontecido no ensino básico, mas não aconteceu”, escreveu a professora no site www.suzanaherculanohouzel.com

Conforme a informação disponível no site da SuperEst (Superintendência de Políticas Estudantis da Universidade Federal do Rio de Janeiro), os valores das bolsas concedidas aos estudantes que necessitam do apoio do Programa de Assistência Estudantil (PAES) não correspondem ao mencionado pela cientista.

Hoje, 26, a postagem de Suzana Herculano-Houzel referente à polêmica não está disponível em sua página pessoal do Facebook. Abaixo um print da postagem.

Texto “Cotas na Universidade, não! Ensino básico decente primeiro, isso sim”.

http://www.suzanaherculanohouzel.com/journal/2013/8/5/cotas-na-universidade-no-ensino-basico-decente-primeiro-isso.html?currentPage=3

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