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Covid-19 na África : países do continente já somam 100 mil casos confirmados

Com obstáculos históricos a serem superados e ameaças contemporâneas, Dia da África será marcado pela pandemia: já são mais de 3 mil mortes por Covid-19 no continente.

Em 25 de maio de 1963 foi fundada a Organização de Unidade Africana (OUA). Neste dia, os líderes de 30 dos 32 Estados africanos independentes assinaram uma carta de fundação, em Addis Abeba, na Etiópia. O objetivo foi formar uma frente unida na luta pela independência total do continente.

Da reunião saiu a carta que criaria a primeira instituição continental pós-independência de África, a Organização de Unidade Africana (OUA), antecessora da atual União Africana

Nesta data, o mundo, em especial os países da diáspora, celebram, o Dia da União Africana, ou simplesmente, o Dia da África.

Aliado aos dramas históricos do continente, como o colonialismo implantado pela Europa, os conflitos internos armados e os esquemas de corrupção por líderes locais, os países do continente vivem a vulnerabilidade diante da pandemia do novo coronavírus. Até o momento, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os 54 países e os 2 territórios do continente registraram mais de 100 mil casos confirmados para Covid-19, e três mil mortes pela doença.


Dos 101.862 casos registrados de Covid-19 no continente africano, segundo boletim da OMS, apenas 18 países e um território, o equivalente a 34% da África, têm mais de mil casos da doença. No início do mês, apenas 7 países tinham alcançado essa marca. O país com maior número de contaminados é a África do Sul.

Países e territórios africanos com mais de mil casos de Covid-19 (veja tabela).

PAÍSCASOS
África do Sul19.137
Egito15.003
Argélia7.728
Marrocos7.211
Nigéria7.016
Gana6.269
Camarões4.288
Sudão3.138
Guiné3.067
Senegal2.815
Costa do Marfim2.301
Djibouti2.047
República Democrática do Congo1.944
Somália1.594
Gabão1.567
Mayotte (território)1.494
Guiné-Bissau e Quênia1.109
Tunísia1.046

Fonte: OMS

A OME considera que , apesar de alcançar os 100 mil casos, a pandemia parece estar se movendo mais lentamente no continente africano, se comparado com os outros continente, como a Europa e a América, onde estão localizados Estados Unidos e Brasil, países líderes no mundo em casos de Covid-19.

Até a sexta-feira, 22/05, a África registrava 3.115 mortes. Em comparação, quando a Europa registrou 100 mil casos, tinha 4.900 mortes.

“Por enquanto, o continente foi poupado do alto número de mortes que devastaram outras regiões do mundo”, disse a diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti. “É possível que nosso dividendo de jovens esteja compensando e levando a menos mortes. Mas não devemos nos deixar levar pela complacência, pois nossos sistemas de saúde são frágeis e menos capazes de lidar com um aumento repentino de casos”, alertou.

Testes e desigualdades

Segundo a OMS, o continente africano fez um “progresso significativo” na testagem: cerca de 1,5 milhão de testes foram feitos até agora. Mesmo assim, os níveis de teste continuam baixos e há necessidade de expandir a capacidade. No fim de abril, o chefe do Centro de Controle de Doenças Africano, John Nkengasong, destacou a diferença nas capacidades de testagem entre os países africanos:

“A Etiópia fez cerca de 11 mil testes – só 10 para cada 100 mil pessoas”, escreveu Nkengasong. “A África do Sul, muito mais rica, fez cerca de 280 para cada 100 mil”.

Lesoto é o país com menos casos: tem apenas um. O reino, que fica dentro do território da África do Sul (mas é um país soberano), foi a última nação da África a registrar casos de Covid-19, no dia 14 de maio; o primeiro foi o Egito, em 15 de fevereiro.

Ainda que o avanço seja mais lento que em outros lugares, ponderou a OMS, a pandemia está acelerando: foram necessários 52 dias para o continente registrar os primeiros 10 mil casos, mas apenas 11 dias para sair de 30 para 50 mil registros. Cerca de metade dos países africanos têm transmissão comunitária e mais de 3,4 mil trabalhadores de saúde foram infectados pela Covid-19.

“Testar o maior número possível de pessoas e proteger os profissionais de saúde que entram em contato com casos suspeitos e confirmados são aspectos cruciais dessa resposta”, afirmou Ahmed Al Mandhari, diretor regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, região que abarca 7 países do continente africano.

Mortes

Das 3.115 mortes na região africana, a maioria ocorreu no Egito: são 696. Em seguida vêm a Argélia, com 575, e a África do Sul, com 369.

Países africanos com mais mortes por Covid-19

PAÍSMORTES
Egito696
Argélia575
África do Sul369
Nigéria211
Marrocos196
Camarões156
Sudão121

Fonte: OMS

Apenas 8 dos 54 países (cerca de 15% do continente) não têm mortes: EritreiaIlhas SeychellesLesotoMoçambiqueNamíbiaRepública Centro-AfricanaRuanda e Uganda. Outros quatro países – BotsuanaBurundiGâmbia e as Ilhas Comores – e um território, Réunion, registraram uma morte cada.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (1.114 casos e seis mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (719 casos e sete mortos), Cabo Verde (371 casos e três mortes), São Tomé e Príncipe (291 casos e 11 mortos), Moçambique (168 casos) e Angola (61 infetados e quatro mortos).

Campanhas e alertas no Dia da África

A pandemia causada pelo novo coronavírus será o tema marcante das comemorações do Dia de África, nesta segunda-feira, 25/05, com o lançamento pela organização pan-africana do desafio para recolher, durante o dia, um milhão de dólares para o fundo de resposta ao Covid-19.

“No Dia de África, todos os africanos, pessoas de origem africana e amigos de África são encorajados a dar um pouco. A meta para o dia é de 1 milhão de dólares”, apela a União Africana (UA).

Será ainda lançado, pelo Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), o programa de Liderança em Saúde Pública Kofi Annan, que visa honrar a contribuição do diplomata ganês, ex-secretário-geral das Nações Unidas, falecido em 2018, para a criação do Fundo Global para o HIV/Sida, Tuberculose e Malária.

A UA defende a necessidade de uma “nova ordem de saúde pública” para defender os africanos de ameaças à saúde e à segurança econômica, sublinhando o papel essencial de “líderes experientes, bem treinados e informados” para transformar eficazmente as instituições de saúde africanas “em entidades técnicas geridas de forma eficiente”.

Por seu lado, a agência de desenvolvimento da União Africana (AUDA-NEPAD) promove um “webinar” sobre as oportunidades em África durante e após a pandemia, com a discussão, entre outros temas, da Zona de Comércio Livre em África (AfCFTA, na sigla em inglês), cujo arranque oficial da fase de operacionalização foi adiado de julho de 2020 para janeiro de 2021, por conta da pandemia

“Durante este período invulgar, precisamos de pensar em termos das nossas próprias cadeias de valor regionais porque as cadeias de valor globais estão a ser perturbadas”, apontam os promotores da iniciativa.

A discussão acontece poucos dias depois do lançamento da segunda edição do Índice sobre a Integração Regional em África, a primeira edição é de 2016, que avalia os progressos da integração regional no continente.

De acordo com o relatório, embora 20 países tenham uma pontuação acima da média, nenhum país africano pode ser considerado bem integrado na sua região.

O relatório concluiu que é necessário fazer muito mais para integrar as economias regionais de modo a torná-las mais resistentes a choques como a atual pandemia da covid-19.

Com obstáculos históricos a serem superados e ameaças contemporâneas, como a pandemia do coronavírus, a África segue na resistência para fortalecer a união dos países que compõem o continente, integra seus povos, suas lutas e suas conquistas.

Da Redação
Publicado em 25/05/2020

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