A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) discutiu, ontem, 09, sobre o número de mortes de jovens negros no país. Segundo dados do Mapa do Brasil, apresentados no ano passado, das pessoas vítimas de homicídio no Brasil em 2012, 30.072 eram jovens de 15 a 19 anos, sendo que 77% dos mortos são negros. O estudo mostrou que há uma queda no índice de mortes da população branca. De acordo com a pesquisa, a taxa de assassinatos no grupo afrodescendente cresceu 32,4%, enquanto a dos brancos reduziu 32, 3%.

Segundo os dados, o perfil das vítimas assassinadas no Brasil é de jovens, moradores das periferias e grandes centros urbanos e, principalmente, negros. O coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Julio Jacobo Waiselfisz, afirma, para o EBC, que “apenas 3% a 4% dos homicidas no Brasil vão para a cadeira. Com a ampla circulação de armas, qualquer conflito se converte em letal. E, o mais grave ainda, há a tolerância institucional, com a culpabilização da vítima”, pontua.

Para Waiselfisz, a impunidade, a cultura da violência e a tolerância institucional são fatores que colaboram para a alta taxa de homicídios no Brasil. De acordo com o coordenador, as políticas públicas não são suficientes para estagnar a crescente vitimização dos jovens negros e revela não acreditar que a situação tende, no momento, a se estabilizar.

 

Da redação do Correio Nagô