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Criançada se diverte nos blocos de matriz africana

crianças cadeirantes no bloco Airá

O sábado de Carnaval (25) amanheceu alegre e ensolarado, os blocos afro infantis estavam na rua. Sendo assim, a avenida estava tomada por crianças lançando seus sprays de espumas e enchendo o espaço com bolinhas de sabão.

A programação de blocos afro infantis contou com as já tradicionais entidades “Todo Menino é um Rei”, “Pequeno Príncipe de Airá” e também o “Bloco Afro Didá”, que é formado por mulheres e também agrega o público infantil.

“O bloco Pequeno Príncipe de Airá é uma extensão do trabalho social comunitário do bairro de São Caetano com a instituição Unjirá Quinã que foi criada no terreiro de candomblé Ilê Axé Obainã, justamente para levar a socialização aos jovens carentes da comunidade do São Caetano e adjacências”, explica o presidente do Pequeno Príncipe de Airá, Vivaldo de Araújo.

Engana-se quem pensa que o bloco afro infantil diverte apenas as crianças. João Lúcio de apenas 4 anos veio acompanhado dos pais, tios e até mesmo da avó.

A família está participando pelo segundo ano consecutivo e todos garantem que o bloco “Pequeno Príncipe de Airá” “é muito bom”.

“É o segundo ano que a gente vem. Nós gostamos, viemos trazer as crianças pra começar a entender a cultura da gente, a cultura negra”, disse o pai de João, Anderson Cruz.

família pronta para o bloco pequeno principe de Airá

Dentre os afro infantis, o bloco “Pequeno Príncipe de Airá” foi o primeiro a sair. Em cima do trio a banda Movimento Percussivo fazia a festa dos foliões.

As crianças, em sua maioria negras, dançavam ao som de músicas de autores negros, balançando suas tranças coloridas e seus cabelos crespos.

A diversidade cantou no bloco. Crianças cadeirantes também se divertiam com suas mães e colegas.

Sheron Silva, mãe de Maria Vitória, 4, que é cadeirante, em entrevista ao Correio Nagô, conta que é o terceiro ano que participa e “é maravilhoso”.

“Se eu não trouxer meus filhos, eles brigam comigo, eles adoram e eu também”, diz Sheron.

foliões Didá

Após a saída do bloco Pequeno Príncipe de Airá chegava a hora do desfile do bloco Todo Menino é um Rei e da Didá.

“O bloco infantil Todo Menino é um Rei é um bloco tradicional que tem quase 30 anos, e este ano está saindo graças ao Ouro Negro. A gente tem um projeto de agregar as crianças carentes das comunidades”, conta o produtor do bloco Todo Menino é um Rei, Edmilson Miranda.

Lislane Batista, 28, foi à avenida levar seus filhos que são alunos das aulas de capoeira realizadas pelo bloco Todo Menino é um rei.

“A expectativa é muito boa, viemos curtir esse carnaval”.

As crianças Vivian Neri, Diogo Batista, Emily Barbosa, e Yasmim Batista, com idades entre 5 e 8 anos, relataram a felicidade que é para eles fazer capoeira e se apresentar no Carnaval. Dentre as coisas que mais gostavam de fazer estava “gingar, fazer golpes, dar macaco e o aú”.

Por volta das 09h30 já era possível encontrar algumas percussionistas da Didá no circuito Campo Grande.

O bloco afro Didá é formado por mulheres. E a associação Educativa e Cultural Didá tem como objetivo principal a educação de mulheres e crianças através da arte.

“Neguinho do Samba trabalhou com a inclusão social de mulheres e crianças na música percussiva. Esse grupo, banda, essa associação Didá empoderada por mulheres, foi criada por um homem que tinha um olhar de empoderamento feminino”, relata Adriana Portela baterista e maestrina da Didá.

Elizete Brito, 66, saiu junto com suas amigas para curtir o bloco afro Didá e diz que “é um bloco afro das origens negras, gera o contato das mulheres, somente mulheres e crianças, como também as idosas e a gente curte o carnaval, se alegra e se diverte na avenida”

mães e crianças da capoeira do bloco todo menino é um rei

UNIDOS EM SOLIDARIEDADE

A narrativa que mais se repete entre estes blocos afro é o trabalho contínuo em suas comunidades.

Cada um dos blocos trabalha o ano inteiro fazendo cursos e oficinas com a intenção de educar e transformar a vida daqueles que participam.

O produtor do bloco Todo Menino é um Rei, Edmilson Miranda explica que o Carnaval é o reflexo das atividades desenvolvidas na comunidade e atende em mais de 10 bairros de Salvador.

“Nós desenvolvemos oficinas gratuitas de capoeira, dança, balé, karatê, violão, percussão e fazemos uma mostra disso tudo aqui no Carnaval. Nós fazemos um trabalho de educação, disciplina e tiramos muitos jovens da rua”

O presidente do Bloco Pequeno Príncipe de Airá, Vivaldo de Araújo, também falou que o Carnaval é uma extensão do projeto realizado durante o ano, é uma vitrine para mostrar o trabalho realizado.

“Temos curso de corte e costura, oficinas de capoeira, percussão e de canto, nós trazemos os frutos disso para o Carnaval, com o intuito de fazer uma mostra do trabalho desenvolvido com aqueles jovens”.

A instituição Didá funciona com 11 cursos, sendo eles: percussão, dança afro, teatro, capoeira, artesanato, canto, bateria, violão, cavaquinho, teclado e sopro. O número de alunos por ano varia entre 600 a 800 crianças e adolescentes.

Cinco projetos educacionais: Família Mocambo Didá, curso de estética e beleza afro brasileira, bloco afro carnavalesco, loja de artigos Didá, projeto Sòdomo, centro de aprimoramento feminino Didá Banda Feminina.

Bloco pequeno principe de ayrá

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