O Departamento de Educação do governo americano divulgou um estudo, mostrando que os estudantes negros são os que mais são suspensos da escola por questões disciplinares nos Estados Unidos. Anualmente, cerca de três milhões de alunos da rede pública de ensino recebem, como pena por algum problema de disciplina, pelo menos uma suspensão fora da escola. Isso a partir de dados colhidos no ano letivo de 2011-2012, com recorte apenas de alunos negros, hispânicos, nativos e estudantes com deficiência.
De acordo com órgão norte-americano, equivalente ao Ministério da Educação no Brasil, esse número significa que um aluno é suspenso para cada professor contratado. Índice que poderá ser utilizado para reformular a maneira que as escolas lidam com o comportamento de seus estudantes. O estudo recomenda que a suspensão é uma medida considerada extrema e que não resolve os problemas de comportamento e, além disso, pode afetar o aprendizado dos estudantes. No país existem tipos diferentes de punição: as detenções – uma espécie de “castigo”, que o estudante tem que ficar em uma sala de aula por um certo período de tempo –, e suspensão que se trata do impedimento de frequentar a escola por alguns dias.
Pré-escola – Dados de 2014 do governo americano mostram que a suspensão de estudantes negros começa já na pré-escola (entre 2 e 5 anos). As crianças negras respondem por 18% das matrículas na pré-escola, mas elas são 48% do total de crianças em idade pré-escolar que recebem mais de uma suspensão fora da escola. Em comparação, estudantes brancos representam 43% das matrículas na pré-escola e 26% das crianças suspensas mais de uma vez.
Essas suspensões estão associadas a resultados negativos para os estudantes, como baixo desempenho acadêmico, taxas de evasão mais altas, perda da formatura no tempo regular, menos engajamento acadêmico e futura expulsão disciplinar e retratam o abismo entre negros e brancos no processo educacional nas escolas norte-americanas.
Nos EUA, crianças negras são um alvo frequente do sistema judiciário, inclusive por meio de encaminhamentos feitos pelas escolas, que as enviam para os cuidados de autoridades judiciais com muito mais frequência do que o fazem com crianças brancas.
Criar uma criança negra em 2015 nos Estados Unidos significa prepará-la para lidar com o peso do racismo sob as mais variadas formas, como a aplicação desproporcional de medidas disciplinares desde o ambiente escolar até o sistema judiciário. De todo modo, se superarem isso tudo, essas crianças terão menos oportunidades econômicas e empregatícias ao atingirem a idade adulta.
Sempre se destaca as formas de punição severa co
ntra garotos negros, contudo as meninas também são vulneráveis à política disciplinar desproporcional. Um estudo de 2015 afirma que garotas negras compõem 90% do total de estudantes do gênero feminino expulsas durante o ano escolar de 2011 a 2012, na cidade de Nova York, enquanto nenhuma garota branca foi suspensa. Em Boston, o cenário é parecido: 63% das meninas expulsas eram negras, enquanto nenhuma garota branca foi suspensa na cidade ao longo daquele ano.
Para ter acesso ao relatório do Departamento de Educação do Governo Americano, clique aqui
Da Redação do Correio Nagô, com informações do site Alternet, de Nova York