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Da favela da Chacrinha para o pódio em Toronto

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Luana e Lohaynny Vicente comemoram a prata no Pan (Fotos: Globoesporte.com)

As irmãs Lohaynny e Luana Vicente nasceram no Morro da Chacrinha, uma favela no bairro do Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O pai morreu em 2000. Era o chefe do tráfico do local e sofreu uma emboscada. As duas eram crianças, tinham quatro e seis anos. Hoje, 15 anos depois, elas são a prova de que é possível, sim, sonhar com um futuro diferente e com uma medalha pan-americana, como a que conquistaram nesta quarta-feira, 15/07.

A chance das “irmãs Williams brasileiras” surgiu do badminton, um esporte que cresce no Brasil justamente por causa de projetos sociais em comunidades carentes, como a da Chacrinha. Elas aprenderam a jogar no projeto MIratus. O badminton é jogado individual ou de dupla e se assemelha ao tênis e é praticado com raquete e uma espécie de peteca, chamada volante ou pena. O objetivo do jogo é fazer a peteca tocar na quadra adversária.

Há dois anos, as irmãs mudaram para São Paulo. Primeiro, Lohaynny, a mais nova, veio para Campinas. Seis meses depois foi a vez de Luana. Hoje, ambas defendem o Paulistano, tradicional clube da alta sociedade paulistana.

“Quando resolvemos sair da Chacrinha, muita gente foi contra. Falavam que não iria dar certo. Que iríamos para um lugar cheio de boyzinhos e que não seríamos aceitas. Mas o bonito do esporte é que não importa a classe social da qual você saiu. Mas o quanto você se esforçou para chegar até onde está. E mostramos que, com muito trabalho e resultados, você consegue convencer quem não gosta de você a te respeitar. E isso é o que importa”, diz Lohaynny.

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Luana e Lohaynny Vicente se inspiram nas tenistas americanas Venus e Serena Willians (Fotos: Globoesporte.com)

 

Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, conseguiram a classificação para a final do torneio feminino de duplas. Saíram com a prata, medalha inédita para o país. Lohaynny ainda joga em simples e é uma das que pode se classificar para os Jogos Olímpicos do ano que vem – só uma brasileira deve ir para o Rio-2016 e ela é, atualmente, a segunda do país no ranking mundial.

Mais do que isso: elas são exemplos para quem olha para o badminton como um esporte estranho, distante da realidade do país. “O legal das duas é que provam que todo mundo pode ter uma oportunidade na vida. O badminton, no Brasil, está ganhando muito espaço nesses projetos sociais. Isso é muito legal. Sou fã das duas. E o melhor é que eles são apenas a ponta desse processo. No futuro, muito mais gente como elas vai aparecer”, avisa Daniel Paiola, também medalhista de prata em Toronto, ao lado de Hugo Arthuso.

Lohaynny e Luana só tem uma coisa a lamentar. Não podem seguir morando no Rio, perto da mãe e da avó. A cidade que vai receber os Jogos Olímpicos não tem clubes (e nem infraestrutura) para a modalidade que escolheram. “Mas não importa. Sempre que podemos, voltamos para o Rio e fazemos uma visita. Estamos fazendo o que gostamos. E esse é o maior incentivo”.

Texto de Bruno Doro, Do UOL, em Toronto (CAN)

Com informações do portal Correio Nagô

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