Eleita Deusa do Ébano 2019, Daniele Nobre já havia participado oito vezes do concurso

Fotos: Odú Comunicação

Foto: André Frutuoso

Na comemoração dos 45 anos de criação do bloco afro Ilê Aiyê e dos 40 anos de realização da Noite da Beleza Negra, a Deusa do Ébano eleita, Daniele Nobre, 30 anos, assume o posto numa dança afinada com a história de resistência e luta do Ilê Aiyê. Foram oito tentativas até chegar à tão esperada vitória no dia 16/02.

Foi realmente uma noite memorável, saudando a persistência do bloco e daqueles que, como Daniele Nobre, se inspiram em sua luta pela valorização do povo negro e das origens africanas.

Com o tema Afrofuturismo, a direção de Ridson Reis e roteiro de Val Benvindo e Ridson Reis, o espetáculo reuniu no palco da Senzala do Barro Preto (Curuzu) artistas como Nabiyah Be, filha de Jimmy Cliff, Valdinéia Soriano e Fábio Santana (ambos do Bando de Teatro Olodum), o cantor Lazzo Matumbi, as cantoras Manuela Rodrigues e Bia Ferreira, além de shows de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury. Os mestres de cerimônia foram Val Benvindo, Sergio Teles e a secretária de Cultura do Estado da Bahia, Arany Santana, uma das fundadores do bloco Ilê Aiyê.

Houve também a participação especial de diversas deusas do ébano coroadas ao longo dos anos na Noite da Beleza Negra, além da presença da primeira rainha do bloco, Maria de Lourdes Cruz (Mirinha), que reinou no desfile do bloco no Carnaval de 1976.

Em uma noite de exaltação à  mulher negra não poderia faltar uma homenagem à matriarca do Ilê Aiyê, que deu o nome e toda o fortalecimento espiritual para o surgimento da entidade. A yalorixá Mãe Hilda Jitolu foi lembrada pela participação no evento de membros da comunidade do terreiro Ilê Axé Jitolu, inclusive Mãe Hildelice Benta dos Santos, filha e sucessora de Mãe Hilda. Vestidos de branco, os filhos do terreiro Jitolu subiram ao palco e jogaram flores para o público ao som de cânticos sagrados entoados pela banda Aiyê.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Não desistir jamais”, ensina Deusa do Ébano 2019

“Eu fui aceita e me tornei Deusa pelo conjunto, pela minha dança, pela minha beleza, pelo meu nariz amassado. É surreal”, comentou Daniele Nobre ao fim do concurso.  “É incrível como a pessoa fica ousada quando conhece sua própria história!”, completou a recém eleita Deusa do Ébano 2019, que em outras edições já tinha conquistado o terceiro (2008) e segundo (2013 e 2016)  lugares do concurso. Ao lado de Daniele, foram eleitas como princesas Nana Sarah (2º lugar) e Gleiciele Teixeira (3º lugar).

“Não desistir jamais. Essa negona aqui é uma prova de resistência, sempre insistindo e sem desistir nunca. Nós negros temos que continuar nessa luta nossa, que a vitória é certa”, disse o presidente do Ilê Aiyê, Antonio Carlos Vovô, ao entregar o troféu a Daniele. “Espero conseguir representar e incentivar mulheres negras como eu a nunca desistir. O racismo vem, mas com sabedoria a gente consegue vencer sem se deixar abater. Sempre quis ser representante dessas mulheres”, celebrou a nova Rainha da entidade.

Daniele Nobre é moradora do Bonocô, tem formação em Secretariado Executivo e trabalha com brechó de moda e feiras de rua, empreendendo da área de consumo sustentável. A eleita contou com o estilista Jean Nogueira, como preparador de moda e beleza.

Da Redação