10/12/2018 | às 16h03
Na última quarta-feira (05), o Pavilhão Feminino da Penitenciária Lemos de Brito, na Mata Escura, recebeu o show Dão Canta Roberto Carlos.
“Esta ação é um desdobramento do Novembro das Artes Negras que busca integrar as artes em prol de uma discussão urgente sobre como a população carcerária, por vezes, é destituída de expressões como estas”, afirma Renata Dias, diretora da FUNCEB. Renata acredita que a atividade acontece num período em as mulheres apenadas se sentem mais excluídas socialmente.
“Estamos em dezembro e logo é natal, é quando a publicidade investe cada vez mais nas relações familiares, muitas destas mulheres estarão aqui e não verão suas famílias”, considera Renata.
“Eu já tinha interesse em cantar e trabalhar com as músicas do Rei Roberto Carlos e pensei: por que não levar para o Sistema Penitenciário Feminino? Renata e Luz Marina [diretora da instituição] toparam e eu fiquei muito feliz com o resultado”, descreve o cantor. “Em um momento eu vi uma das mulheres sozinha no canto cantando com os olhos fechados e tive a certeza que conclui meu objetivo”, conta o cantor baiano Dão. Ele relatou que a inspiração surgiu ao ler “As Prisioneiras”, livro do médico Drauzio Varella, em que narra o descaso dos parentes às mulheres custodiadas.
ARTES
Dados apresentados pelo ministro extraordinário da Segurança Pública Raul Jungmann, em julho deste ano, apontaram que o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo. Para Luz Marina, uma das estratégias para evitar a reincidência de crimes é produzir sensibilidades através das artes. “Nosso interesse é trazer a sociedade civil para dentro da penitenciária e perceber que não estamos lidando com feras enjauladas”, destacou.
Marcelo Ricardo é repórter-estagiário do Portal Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.