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[DESCASO] Mais de 100 dias depois e tragédia permanece evidente no terreiro Alaketu  

Em 02 de dezembro do ano passado, a árvore centenária Irokô – considerada sagrada – caiu sobre casas vizinhas ao terreiro Ilê Asé Maroialaji – Alaketu, ocasionando a morte de uma idosa e atingindo nove casas.

Mais de três meses se passaram. No entanto, religiosos da casa permanecem revivendo a tragédia, uma vez que a remoção total da árvore ainda não foi realizada.

“A situação está sendo resolvida, mas com lentidão. Foi feita uma licitação em caráter de emergência, mas o ritmo foi lento e o recurso foi cedido pela Fundação Palmares. Pois, o IPHAN, órgão que efetuou o tombamento, não tinha recurso, segundo o Superintendente”, conta, em entrevista ao Correio Nagô, a Yá Kekere (segunda na hierarquia de uma comunidade religiosa de Candomblé) Jocenilda Bispo, referente a não efetivação da total retirada do Irokô.

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E AS OBRIGAÇÕES COMO FICAM?

Como as raízes não foram totalmente removidas, a casa está sem poder fazer as obrigações.

As obrigações precisam e, sobretudo, agora, devem acontecer, pois não realizamos festas, mas sim obrigações aos nossos ancestrais. E neles buscamos forças para a contínua missão da vida que habita em nós e emana em nosso egbé. Cada vez mais as dores aumentam e o compromisso com o sagrado é pleno em nós. Queremos apenas estar no templo, contando com o tempo mais adequado às nossas obrigações, sem precisar macular à tragédia!”, lamentam.

AMEAÇAS

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O terreiro, localizado no bairro Matatu de Brotas, recebeu ameaças de moradores e teve parte do espaço incendiado dias após o acidente.

Jocenilda Bispo informou que no atual momento a relação com a comunidade continua dividida. “Uns entendem que foi uma fatalidade e outros nos culpam”.

O terreiro Ilê Asé Maroialaji – Alaketu é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2004.

 

Joyce Melo é repórter do Portal Correio Nagô.

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