28/01/2019 | às 21h
Com o aumento das denúncias de intolerância religiosa, orientar e inspirar tem sido uma grande tarefa para lideranças religiosas em suas comunidades. Foi pensando nisso que a Semana Afirmativa da Liberdade Religiosa, organizada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), foi finalizada na última sexta-feira (25) com o diálogo inter-religioso entre lideranças.
A mesa, formada por Mãe Jaciara, yalorixá do Ilê Axé Abassá de Ogun, Padre Alfredo, arcebispo da Igreja Anglicana Tradicional, José Medrado, o conferencista espírita, e o Abdul Hameed Ahmad, sheikh, do Centro Cultural Islâmico da Bahia, debateu ações de promoção de respeito nas comunidades religiosas.
Mãe Jaciara ressaltou a importância de conhecer os procedimentos da denúncia para que a justiça necessária seja aplicada sobre casos de intolerância. “É preciso ler a queixa-crime e conferir se estar explícito que é crime racismo e ódio religioso. Se não for, a gente tem que resistir e fazer de novo, se for o caso sair ligando para conscientizar outras lideranças este é nosso papel”, afirma.
“Eu fico pensando o que sustenta todos essas casas de axé e sacerdotes se não for o sagrado?”, interroga o arcebispo Alfredo, que lembrou da renúncia do deputado federal Jean Wyllys diante das ameaças sofridas. “Pensar em ações objetivas entre nós, em ações imediatas que não espere o tempo do processo para que não tenhamos que renunciarmos a esta luta”, enfatiza.
Somente em janeiro deste ano, o MPBA registrou 13 casos relativos à intolerância religiosa. Os dados apontados pela promotora Lívia Vaz, indica uma crescimento que já supera a média mensal estimada para o ano. Em 2018, foram contabilizados 71.
A conferência de abertura foi realizada por Hédio Silva Júnior, advogado das religiões afro-brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), que falou sobre a lei a importância da Lei da Ação Civil Pública, que inclui a liberdade dos grupos religiosos no rol do Patrimônio Brasileiro, além de discutir o laicidade do Estado e sua ação problemática para a democracia.
Marcelo Ricardo é repórter-estagiário do Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.