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Diplomata africana critica falta de negros em altos cargos da administração pública e de empresas brasileiras

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Diplomatas africanos francófonos que estão no país desde a semana passada fazendo um curso chegaram a uma conclusão: nos cargos mais altos da administração pública e de empresas brasileiras, existe uma ausência de negros. A observação foi feita nesta quinta-feira (4), segundo informações da Agência Brasil, pela diplomata do Senegal, Fatou Gaye Diagne, que participa do evento do Ministério das Relações Exteriores.

A diplomata senegalesa, que pela primeira vez veio ao Brasil, destacou sua constatação, depois de uma apresentação das políticas do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), durante o curso, realizado no Rio de Janeiro.

 “Não entendo que há anos da escravidão, tanto em instituições públicas quanto em privadas, não há sequer um brasileiro com origens africanas em altos cargos”, disse Fatou Gaye que está no país desde o dia 24 de setembro.

Junto com diplomatas de mais 12 países africanos falantes do francês, ela se encontrou com diretores e secretários de órgãos do governo federal como Ministério do Planejamento e das Relações Exteriores, esteve na Vale e na Petrobras, além de conhecer a sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O Brasil e a África têm muitas conexões. Posso entender as origens do problema [da falta de afrodescendentes], mas isso significa que, por décadas, o Brasil não tratou da questão”, disse a diplomata. Segundo ela, no Senegal, mesmo com a influência europeia no país, cuja maioria da população é negra, o quadro é o oposto ao brasileiro.

Ao responder às observações da diplomata africana, a secretária nacional de Assistência Social do MDS, Denise Colin, reconheceu o problema, que atribuiu à escravidão e falou sobre as políticas de ações afirmativa nos últimos dez anos, inclusive para ingresso na carreira de diplomata e nas universidades, cujas diretrizes passam pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

“Eles perceberam a ausência de afrodescendentes na administração pública e nos espaços que visitaram”, disse Colin. “Na verdade, eles viram os resultados de nossa histórica sociedade escravocrata e que ainda repercutem sobre o nosso sistema econômico e social”.

Para Fatou, “as medidas de igualdade racial chegaram aqui muito tarde”.

O curso oferecido aos diplomatas africanos termina amanhã (5). Na agenda, além de compromissos oficiais, consta uma programação turística, incluindo visita ao Maracanã. A expectativa dos organizadores é que a partir da troca de experiências, sejam construídas parcerias e acordos para promoção da justiça social e ambiental, conforme afirmou o embaixador brasileiro Maurício Cortes Costa.

Fonte: Agência Brasil

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