Redação, Correio Nagô – A economia da Etiópia é a terceira que mais cresce no mundo hoje. Nos últimos dez anos, o Produto Interno Bruto do país cresceu 11.6% impulsionado especialmente por setores como a agricultura, negócios e indústria. Durante o I Encontro África e Diáspora Africana, que aconteceu entre 21 e 23 de novembro no Complexo de Sauípe, o diretor de Operações da Ethiopian Airlines no Brasil, Gebregziabher Alemu, falou com Correio Nagô, revelando os planos de expansão da companhia aérea estatal, uma das mais modernas do mundo, que chegou ao Brasil em junho de 2013 visando uma aproximação com o setor turístico brasileiro ao estabelecer voos comerciais entre Adis Adeba, capital etíope, São Paulo e Rio de Janeiro, além de outras rotas com o Oriente Médio e Ásia. Confira a entrevista:
Correio Nagô – Atualmente, quais são destinos que a Ethiopian Airlines opera no Brasil e no mundo?
Gebregziabher Alemu – Nós começamos a operar no Brasil em julho deste ano, no Rio e em São Paulo. Ainda não havíamos conquistado a América do Sul, mas agora estamos muito felizes e animados de chegar ao Brasil. Nós operamos em 75 destinos em 58 países, somente na África são 47 destinos. Somos a maior companhia africana e nossa estratégia e objetivo agora é fazer uma conexão entre o Leste Africano e o Brasil. Temos uma base em Lomé, capital do Togo, e cobrimos 17 países como Nigéria, Mali, Gana e Senegal e, principalmente, conseguimos reduzir o tempo de voo entre o Brasil e a África para dez horas. Antes, chegava a 24 horas, porque só era possível a entrada pela Europa ou pela África do Sul. Agora oferecemos um voo direto, mais rápido, com mais conexões e mais barato.
CN – Há alguma previsão para criação de um voo comercial da companhia na Bahia?
GA – Sabemos que a maioria dos afrodescendentes brasileiros vivem na Bahia e isso nos diz, em teoria, que temos clientes em potencial aqui. Estamos estudando o mercado e somos capazes de operar aqui, apenas precisamos avaliar a viabilidade comercial, já temos recursos para investir. Atualmente, em média, uma passagem ida e volta para a África pela nossa companhia custa cerca de US$ 900 (cerca de R$2.000), mas também oferecemos preços promocionais. O Brasil é como um “link perdido” para os africanos e sabemos que a economia brasileira é uma das maiores do mundo e está em ascensão no cenário do poder global. Além disso, temos muitas empresas brasileiras na África: Petrobras, Vale, Andrade&Gutierrez, Odebrecht e elas são nossos clientes.
CN – Quantos passageiros brasileiros já utilizaram os serviços da companhia desde julho?
GA – Somos a primeira companhia do mundo a trazer para o Brasil um Boeing 787, o que possui tecnologia mais avançada atualmente. Cada aeronave dessa é capaz de transportar 270 passageiros com economia de combustível de 20%.
CN – Por que a Ethiopian Airlines ainda pertence ao governo?
GA – Somos membros da Star Alliance e apesar de sermos estatais, nenhum membro do governo voa de graça na Ethiopian. Começamos nossas operações em 1946 e não é tempo de privatizá-la. Se eu fosse o presidente etíope, eu também não privatizaria a companhia. Eu usaria o dinheiro para construir estradas, estimular a economia e fortalecer os níveis de emprego.
CN – Quais os motivos que o senhor elencaria para motivar os brasileiros a conhecer a Etiópia?
GA – Somos o berço da civilização, tivemos um dos maiores reinos do mundo antes de Cristo. Qualquer pessoa interessada em história africana precisa primeiro conhecer a história da Etiópia. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores mundiais de café, nós oferecemos o café o mundo (foi na Etiópia onde o café foi descoberto), além da perspectiva histórica e a natureza, como a nascente do Rio Nilo. O norte etíope concentra a herança e tradição cultural; o sul, possui a vida selvagem, tribos indígenas e velhas tradições vivendo num ambiente ainda intocado.
CN – As pessoas utilizam os serviços da companhia mais a passeio ou a negócios?
GA – Temos os todos tipos de passageiros: homens de negócio, africanos de diversos países, diplomatas, pessoas que vão visitar parentes e amigos. Chineses, coreanos e israelenses também. Aliás, a Etiópia foi um dos primeiros países a receber os judeus, antes mesmo da Europa. Além disso, há uma grande influência da cultura Islâmica no país.
Por Maíra Azevedo e Paulo Rogério
Editado por Tom Correia