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Documentário “O cuidar nos Terreiros” será lançado em Salvador

Pai de Santo Mariano FrazãoRedação Correio Nagô – No próximo dia 27 de março, a Casa do Gantois recebe o lançamento do vídeo documentário “O Cuidar nos Terreiros”. O vídeo é realizado pela Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde, com apoio do Ministério da Saúde.

(Foto: Blog do Bóis)

“O lançamento do documentário no Ilê Gantois tem muita importância pelo fato de ser lançado dentro de um terreiro e contando com a organização do evento realizada pela comunidade do Ilê lê Iyá Omi Asé Iamasé , o que demonstra o protagonismo dos terreiros nas questões sociais e a inclusão de temas atuais na agenda da população de terreiros”, destaca, em entrevista ao Portal Correio Nagô, José Marmo da Silva, Ogan Marmo, coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde.

O lançamento contará com as presenças do Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde e Fundo de População das Nações Unidas(UNFPA), jornalistas, ativistas do movimento negro e lideranças de terreiros de outros estados. “Aproximando cada vez mais os terreiros das pessoas que tomam decisões em políticas públicas e formadores de opinião”, complementa.

O conhecimento sobre o poder curativo das plantas, um dos muitos saberes das comunidades de matriz africana, é tema do vídeo documentário “O Cuidar nos Terreiros”. Segundo Marmo, o tema foi escolhido por conta da necessidade de mostrar que existem outras formas de fazer saúde, e que as práticas terapêuticas dos terreiros e os modelos de cuidado devem ser levadas em consideração pelo Sistema Único de Saúde.

“O acolhimento, o toque no corpo, a escuta, o uso das folhas, etc, fazem parte de um saber milenar, repassado ao longo dos anos pelos nossos mais velhos, considerados arquivos vivos do saber da tradição”, ressalta.

O filme é fruto de uma parceria estabelecida entre a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e o Departamento de DST-AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Entre outros temas, o documentário aborda a promoção da saúde nos terreiros, o direito humano à saúde, o respeito às orientações sexuais, o cuidado e o acolhimento às pessoas vivendo com Aids e a participação das lideranças de terreiros nos espaços de controle social.

“A ideia foi também mostrar os impactos do racismo e de todas as formas de intolerância na vida das pessoas e que podem levar a processos de desequilí¬brio. E as respostas dos terreiros para todas essas questões vivenciadas em nosso cotidiano”, emenda o coordenador.

O processo de realização do ví¬deo foi iniciado com a contratação de dois consultores: Marco Antonio Guimarães (Rio de Janeiro) e Vanda Machado (Salvador), ambos pesquisadores e iniciados na tradição religiosa afro-brasileira.

“O que consideramos importante para a fase de pensar um roteiro que respeitasse e valorizasse a nossa tradição. A escolha de Neto Borges como diretor do filme foi também uma decisão acertada, pois sua sensibilidade foi capaz de dar vida ao que nós queríamos apresentar nesse vídeo, um pouco de poesia mesmo quando queríamos abordar temas difíceis como o racismo e a intolerância religiosa”, afirma.

O vídeo foi filmado em São Luís, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. “Esperamos que o documentário possa fortalecer a luta do povo de santo pela garantia do direito humano à saúde e incentivar ainda mais participação das pessoas de terreiros em todos os espaços de controle social de políticas públicas”, finaliza Marmo.

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