17/04/2018 | às 18h20
Voltou ao Orum, esta segunda-feira (16), um dos maiores nomes do samba. Dona Ivone Lara estava internada desde sexta-feira (13), data que completou 97 anos. O corpo da sambista foi velado nesta manhã (17), na quadra da escola de samba Império Serrano, a qual faz parte da história dela.
Dona Ivone Lara (à esq.) e Clementina de Jesus durante encontro em 1980, na Bahia. /Arquivo Pessoal
Filha de Oxum, Ivone Lara adentrou a ‘nata do samba’ de forma muito natural, um espaço masculino – que a partir dela foi lançando outros nomes como Leci Brandão, Áurea Martins e Alcione. Foi a primeira mulher na ala de compositores da escola de samba carioca Império Serrano, em 1965 com “Cinco Bailes da História do Rio” e segundo a nora, estava sempre atrás de um caderninho para escrever música.
A eterna dama do samba nasceu em 1921, no bairro de Botafogo, formou-se e se aposentou (já consagrada no samba) como enfermeira, profissão que te proporcionou trabalhar com a psiquiatra que ressignificou o tratamento manicomial, Nise da Silveira.
O grupo de samba Underground Samba Lapa, em 2013 lançou a música “Nossa escola”, na qual citam mestres como Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola e Cartola. Uma homenagem pertinente ao momento, visto que se foi mais uma das professoras da música brasileira, “Dona Ivone Lara, uma joia rara”.
A Bahia sente saudade
Nas redes sociais, personalidades de Salvador abriram seus corações sobre a cantora que o Brasil amou. A sambista Juliana Ribeiro disse que a morte de Dona Ivone Lara foi como perder uma avó ou uma tia querida “que nina a gente com seu canto”, e profetizou “ virou estrela celeste aos 97 anos e agora deve estar compondo uma com Clementina , com as bençãos de São Pedro! Saudades eternas minha , Diva, descanse em paz!”.
O diretor artístico Elísio Lopes Jr. lembrou: “Como dizem os meus mais velhos: Só morre mesmo quem não é lembrado!!!! E vai ter festa pra essa encantada… Vai ter samba, vai ter vida e vai ter musical!!!! Feliz e orgulhoso de ter a oportunidade de te homenagear Dona do Samba”.
A jornalista e militante Alane Reis do Odara Instituto da Mulher Negra foi sucinta e precisa na sua postagem: “Vai Dona Ivone Lara, ser ancestral. Obrigada por ser quem a senhora foi. Por ter cantado em samba nossas vidas”. A escritora Cidinha da Silva versou:” ‘Lara, o seu laraiá é lindo’… assim eternizou Luiz Carlos da Vila uma definição do seu canto. Muito obrigada, Dona Ivone Lara”.
Vale a pena ver o especial ilustrado da Folha de São Paulo sobre Dona Ivone Lara, com discografia e curiosidades: http://arte.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/08/24/ivone-lara/
Beatriz Almeida é repórter-estagiária do Portal Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.
