O escritor Frei Betto, colunista da Rádio Brasil Atual, disse nesta segunda-feira (18) em sua coluna semanal que o Dia da Consciência Negra, comemorado na quarta-feira (20), deveria servir também para que o país enfrente a “inconsciência branca” que, segundo ele, foi construída historicamente no Brasil, desde a colonização europeia na África e do tráfico de escravos para o país.
“A data de 20 de novembro deveria ser comemorada nas escolas com a exibição de estatísticas sobre o papel dos negros na sociedade brasileira. Assim saberiam como são excluídos de nossa sociedade. Essa inconsciência branca precisa ser combatida”, disse.
Segundo ele, também foi a falta de conhecimento e de senso crítico que fez surgir o critério de separação por raças, no século 19. “De tal arrogância se nutria a inconsciência branca que se elevou à categoria de pretensa ciência, ao classificar de raça a mera diferença de coloração epidérmica. Não existe raça, essa palavra é equivocada, existe apenas diferença de coloração na pele.”
Atualmente, o preconceito aparece ainda de diversas e veladas maneiras, mas tem suas raízes profundas, diz. O Brasil abrigou mais de 300 anos de escravidão. “Ainda que as leis punam discriminação, sabem os negros que aqui eles são duplamente criminalizados. Por serem negros e pobres. Ao escravo liberto se negou, no século 19, o acesso a terra, que ele bem sabia cultivar.”
A mesma inconsciência branca, afirma ele, é aquela que protesta contra a entrada de negros por cotas nas universidades, que encara com suspeita o negro encontrado em espaços ocupados predominantemente ocupado por brancos, e “que induz a polícia a exibir suas garras ferozes ao revistar jovens negros”.
Fonte: Rede Brasil Atual