Por Donminique Azevedo
Que a cidade está fervilhando de eventos everybody já sabe. Mas quando a negritude produz festas com a nossa cara, chegamos junto para fortalecer ou fazemos a “Kátia”?
Estou falando de festas com gente bonita e de verdade. Dessas festas que pretas e pretos podem chamar de suas. Dessas que a gente chega e já se sente em casa.
É importante lembrar que a disputa de narrativas também passa pelas manifestações culturais. Além disso, o fortalecimento das mesmas ainda carece de mais adesão, apoio e divulgação.
Tomemos como exemplo a Festa de Iemanjá, celebrado no último (02), no Rio Vermelho. As festas particulares já integram a programação dos festejos.
No entanto, quantas – de fato – foram ponto de encontro para celebrar a tradição, cultura e identidade negras?
Uma das poucas exceções à regra é a festa Yemanjá é Black, já em sua sexta edição, que tem como anfitriões o ator do Bando de Teatro Olodum Jorge Washington e a estilista Madá, criadora da Negrif.
“O desafio são todos. Nada é fácil para a gente. Você encarar essa estrutura de entretenimento que joga contra o povo negro é difícil. Eu gosto de fazer festa com conforto para o nosso povo porque o nosso povo merece, mas eu sinto falta de apoio”, desabafa Jorge Washington.
“Ao longo dos anos a nossa cultura tem sido usurpada. Se a gente não se afirmar, a gente vai perdendo espaço. Corra as festas que estão acontecendo aqui e você vai ver onde é que está a negritude. Está do lado de fora”, acrescenta.
Se entendemos a autoafirmação como um ato político, não podemos perder de vista as manifestações culturais.
Com o prenúncio da festa momesca, pululam notas e notícias indicando que o ouro negro do Carnaval não vai nada bem.
Falta $$$
Falta também mais engajamento da comunidade negra para fortalecer o movimento.
Até porque as nossas expressões artísticas e culturais não são apenas lindas de se ver. Tem riqueza, resistência e empoderamento!
Donminique Azevedo é jornalista, repórter do Portal Correio Nagô, escritora e educadora.
Fotos: Júnior Assis