Em 2022, a Editora Diálogos Insubmissos lança a Formação para Docentes Negres do Nordeste*, com a proposta de promover reflexões a partir da produção intelectual de pessoas negres – principalmente, de mulheres negras, no campo das artes, a fim de potencializar e contribuir com a prática e cotidiano das salas de aulas de educação básica da rede pública no Nordeste. Passado os isolamentos pandêmicos, lança em evento presencial o projeto dia 24 de março e abre inscrições para a formação.
Neste ano de 2023, a Editora reafirma parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo e o Grupo de Pesquisa Diáspora (CNPq/UEFS) para lançar as inscrições para a segunda edição da formação, que traz como temática “Insubmissão Política e Formativa da Cultura e Artes Negras”. *As inscrições gratuitas ocorrem de 06 a 10 de março através de Formulário online – link na bio da instituição no Instagram, @editoradialogosinsubmissos.
Ao todo, serão ofertadas 30 vagas para docentes em atuação na Educação Básica da Rede Pública da região Nordeste. A formação ocorre de abril a junho de 2023, com um total de 80 horas/aulas, aulas on-line síncronas e assíncronas. Ao final da formação, os docentes receberão certificado emitido pelas três instituições acima citadas.
No dia 24 de março, a partir das 19h, será realizado evento promocional da Formação para Docentes Negres do Nordeste, no Restaurante Roma Negra (Terreiro de Jesus), aberto ao público. A taxa solidária para acesso ao evento são pacotes de absorventes, que serão doados a organizações que atuam no combate à pobreza menstrual. A Editora Diálogos Insubmissos traz na programação a apresentação musical da DJ Nai Kiese.
O evento contará ainda com a participação de duas mulheres negras: Onisajé, diretora teatral, dramaturga e doutora em Artes Cênicas; e Renata Dias, Superintendente de Promoção Cultural, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, que irão dialogar sobre a potência das artes negras e a importância de levar debates/formações com temáticas negres para docentes de escolas públicas, instituições em que se tem maior índice de estudantes negres.
Nesta II edição, a Editora Diálogos Insubmissos trará quatro módulos que perpassam pelas linguagem do teatro, da música, das artes visuais e da literatura; numa tentativa de refletir a respeito do que é performance e dramaturgia negra nas artes cênicas, trazendo narrativas contemporâneas a partir da escrevivência de pessoas negras; a produção decolonial de obras visuais que trazem contra narrativas que evidenciam poéticas e epistemologias negroreferenciadas.
Módulos
A aula magna irá ocorrer dia 31 de março com a participação de Isabelle Sanches, preta soteropolitana, Doutora em Estudos Étnicos e Africanos, Professora da Universidade do Estado da Bahia – UNEB (Serrinha/BA), com uma fala sobre a importância de formações continuadas para docentes da educação básica que tem como bibliografia a produção intelectual de negres e o reflexo destas ações nas salas de aula.
Serão dois módulos por mês, cada um ministrado por um(a) intelectual negra nordestina, que irá utilizar como bibliografia produções lançadas pela Fundação Rosa Luxemburgo – A Radical Imaginação Política de Mulheres Negras; Vozes Insurgentes de Mulheres Negras; Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas, Insumos para Ancoragem de Memória Negra e Narrativas Transatlânticas de Mulheres Negras.
Em abril, os dois primeiros módulos trazem como base a literatura e a musicalidade negra, a serem ministrados pela Mestre em Literatura e Cultura, Samira Soares, e pelo professor de licenciatura em música da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Luan Sodré, respectivamente, nos componentes “Tornar-se negra: Por uma literatura escrevivente”, baseado em conceito fundado por Conceição Evaristo; e “Vozes insubmissas e perspectivas políticas insurgentes em músicas afrodiaspóricas”, a fim de refletir a dimensão política de um pensamento afrodiaspórico em música e, consequentemente, em artes.
Em maio, as doutoras em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a artista visual Yasmin Nogueira e a atriz, dramaturga e escritora Mônica Santana irão lecionar os módulos “Artes Visuais Afro-Brasileiras: Narrativas e contemporaneidades” e “Cartografia da cena negra brasileira: performance negra, dramaturgia e teatro”, respectivamente. Ambas trazem uma análise da produção artística negra, seja nas artes visuais ou nas artes cênicas, para refletirem sobre a criação de obras contra narrativas e negras-referenciadas.
Insubmissão Preta
De acordo com a diretora CEO da Editora Diálogos Insubmissos, Dayse Sacramento, a formação é uma atividade com diversos debates em torno de temas que podem contribuir e dialogar com perspectivas artísticas, políticas, educacionais e culturais, que acolham e respeitem a diversidade e complexidade das experiências humanas presentes na escola pública.
A valorização, o estímulo e a difusão da produção de conhecimento de pessoas negras é um ato político, principalmente, ao fomentar o pensamento crítico com destaque para a perspectiva de mulheres negras. Neste sentido, a Editora conta com o apoio financeiro da organização alemã Fundação Rosa Luxemburgo, presente em 24 países do mundo e que é ligada ao partido Die Linke, que significa a esquerda.
No Brasil, há 20 anos, a Fundação desenvolve projetos de apoio e fortalecimento da democracia, dos direitos humanos e da natureza e de estímulo e circulação do conhecimento crítico. Para isso realiza parcerias com diversas organizações e movimentos do campo progressista da sociedade brasileira. Além disso, também mantém viva e atuante a obra e legado de Rosa Luxemburgo, polonesa/alemã e importante referência de ação política.