Contemplados entre as 50 vagas do edital Caminhos Amefricanos, os docentes levarão práticas pedagógicas inovadoras a Cabo Verde e Colômbia, fortalecendo a cooperação acadêmica no combate ao racismo e na valorização da história e cultura afro-diaspórica
“Ser uma servidora pública, uma mulher preta que alcançou os títulos de mestre e doutora, é o que possibilitou minha presença nesses espaços”, destaca Josiane Climaco, professora da rede estadual, ao comentar sobre o papel transformador da educação. Para ela, trabalhar com educação antirracista e com a história e cultura africana e afro-brasileira nos espaços educacionais e artísticos é uma ferramenta de emancipação e humanização, uma forma de ocupação significativa.
Assim como Josiane, Carla Santos Pinheiro, professora da rede municipal de Lauro de Freitas (cidade da região metropolitana de Salvador), também participará dessa iniciativa, que está entre as 10 prioritárias do Plano Juventude Negra Viva. Professora de educação infantil, Carla enfatiza que, embora algumas pessoas questionem a possibilidade de trabalhar relações étnico-raciais na educação infantil, isso é plenamente viável. Para muitos, a inclusão de questões étnico-raciais em creches ainda causa surpresa, mas Carla acredita que esse trabalho pode e deve ser iniciado desde cedo.
O programa Caminhos Amefricanos: Programas de Intercâmbio Sul-Sul, lançado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), visa promover a cooperação acadêmica entre instituições educacionais brasileiras e estrangeiras, com foco no combate ao racismo e na valorização da história e cultura africana e afro-diaspórica. Nesta edição, que contou com o apoio da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e da Secretaría de Educación Distrital de Bogotá, foram selecionados 11 professores da Bahia:
– Rede Estadual da Bahia: Josiane Climaco, Flavio Luis Assiz dos Santos, Valéria Soares Martins, Bárbara Daiana da Anunciação Nascimento
– Rede Municipal de Salvador: Rosecleide Lima Bispo, Cleide Pereira Oliveira, Renilza Machado Ramos, Taisa de Sousa Ferreira
– Rede Municipal de Lauro de Freitas: Carla Santos Pinheiro
– Rede Municipal de Brumado/BA: Ana Cristina dos Santos Silva
– Rede Federal: Deise Viana
O programa Caminhos Amefricanos reforça o compromisso com a mobilidade acadêmica e a produção de conhecimento em torno da igualdade racial e do combate ao racismo, incentivando pesquisas e iniciativas científicas nas áreas de história e cultura afro-brasileira e africana. A iniciativa também apoia a formação docente em conformidade com o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares para Educação das Relações Étnico-Raciais, amparado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Neste contexto, as professoras participantes veem o intercâmbio como uma oportunidade valiosa para a troca de experiências pedagógicas e o fortalecimento profissional. A professora Josiane enfatiza o potencial de aprendizado e compartilhamento com as práticas afro-pedagógicas de outros países, como a Colômbia, ampliando o repertório de educação antirracista. A professora Carla ressalta o apoio e incentivo de colegas, que a motivaram a participar, destacando a importância do cuidado e da solidariedade entre os participantes. Ambas enxergam o intercâmbio como uma chance de colaboração e crescimento, promovendo um diálogo enriquecedor com educadores de outras realidades.
Por: Maria Auxiliadora