19/12/2017  | às 10h40 

O Cortejo Afro encerrou o primeiro ano do projeto Concha Negra, na noite de domingo (17), com a participação da BaianaSystem e do Núcleo de Ópera da Bahia.

A dupla teatral Kaylane e Kathleen abriram o evento, com uma apresentação cheia de questionamentos sobre o racismo e a perfomance de uma “bicha preta”, de forma lúdica e cômica.

A entrada do bloco, que vem do terreiro de candomblé Ilê Axé Oiá, foi simbólica. Estavam todos de branco, as mulheres com panos da costa e ojás eram maioria na percussão. A junção da apresentação desenhou bem o que Alberto Pitta, idealizador do bloco, disse :“Os blocos afro não são só carnaval.” No show o Cortejo homenageou outros blocos afro como o Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil, e o Muzenza.

O Núcleo de Ópera da Bahia (NOP) fez a primeira participação, trazendo a junção do erudito e do popular, a partir do canto lírico de vozes negras com os tambores do Cortejo. A cantora lírica e solista do NOP, Graça Reis, realizou-se na parceria: “A parceria com o Cortejo Afro foi perfeita, por que nós resgatamos uma ópera negra e fizemos a primeira ópera negra, chamada trimonista que, com apoios, fez uma turnê internacional”.

O BaianaSystem chegou no palco cantando a música “Combustível” com o Cortejo, a composição que é do bloco, faz parte do repertório systemico quem vem ganhando o Brasil. Após esse momento, o Cortejo Afro saiu do palco e deu espaço para os graves do Baiana. Sobre a não permanência do anfitrião, Robertinho Barreto explicou como aconteceu: “Até o final de semana passado a gente tava viajando, ficamos na dúvida se conseguiríamos fazer por uma questão de agenda, até demoramos de responder ao convite de Pitta. E como a gente toca com base, é muito difícil conseguir tocar com bit e percussão.”

O Concha Negra é um projeto da Secretária de Cultura do Estado, com o intuito de fomentar a diversidade, através da valorização da música afro-baiana. A primeira edição do projeto começou em setembro, com o show dos Filhos de Gandhy, em outubro com o Muzenza, novembro Ilê Aiyê e se encerrou ontem, com o Cortejo Afro. Na plateia se reuniram convidados ilustres, como a Secretária de Cultura do Estado da Bahia Arani Santana e Compadre Washington, que foi convidado do primeiro ensaio de verão do Cortejo, ontem (18).

 

Beatriz Almeida é repórter-estagiária do Portal Correio Nagô.

Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo