Representantes de mais de 80 grupos de teatro e dança, dos diversos estados do Brasil, estarão reunidos no IV Fórum Nacional de Performance Negra que acontece, de 14 a 17 de dezembro, no Teatro Vila Velha, Salvador. O evento propõe o debate sobre as políticas públicas e seus impactos no desenvolvimento das artes cênicas negra. Toda programação é aberta ao público e envolverá mesas de debates, lançamentos, apresentações de cenas e a leitura dramatizada de um texto inédito.
O Fórum Nacional de Performance Negra foi criado, em 2005, pelo Bando de Teatro Olodum (Bahia) e pela Cia dos Comuns (Rio de Janeiro), com o objetivo de representar as artes cênicas e promover um espaço integrador das experiências negras nas artes. Além da Cia dos Comuns e do Bando de Teatro Olodum, estarão também presentes grupos que se destacam por aliarem um busca estética e um engajamento social e político. Entre essas companhias estão: o Núcleo Afro brasileiro de Teatro de Alagoinhas – NATA (BA), Cia de Arte Negra Cabeça Feita (DF), Rui Moreira Cia. de Danças (MG), Grupo de Teatro Atual (PE), Cia Étnica de Dança e Teatro (RJ), Capulanas Cia de Arte Negra (SP), Grupo Harambê (BA), Cia de Dança Afro Daniel Amaro (RS), Cia Os Crespos (SP), entre outros.
A primeira mesa IV Fórum de Performance Negra, no dia 14/12, às 9h30, colocará em evidência a construção de uma campanha nacional com o mote “Cultura sem racismo”. Para isso, foram convidados o ator, diretor e gestor cultural, Hilton Cobra (Cia dos Comuns); o secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência (SEPPIR), Ronaldo Barros; e o publicitário Erivaldo Oliveira.
Convidados – Todas as mesas terão como destaque assuntos relevantes para as discussões culturais na contemporaneidade, a exemplo do Procultura / Lei Rouanet, da Política Nacional das Artes-PNA e as Políticas de ações afirmativa na Cultura, como cotas e editais específicos para companhias e realizadores negros. Entre os convidados para as mesas estão: o diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte/MinC, Leonardo Lessa; o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MINC, Carlos Paiva; a deputada federal Alice Portugal, ex-presidenta da Comissão de Cultura da Câmara Federal; as escritoras Ana Maria Gonçalves (Um Defeito de Cor) e Leda Maria Martins (A Cena em Sombra); o cineasta Jeferson De (Bróder e O Amuleto); as sociólogas Luiza Bairros (ex-ministra da SEPPIR) e Vilma Reis (Ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia), entre outros nomes.
“O IV Fórum parte da necessidade de continuar a discutir as políticas públicas no âmbito das artes cênicas negras, das políticas sociais da comunidade negra e do mapeamento de companhias e de grupos existentes no Brasil”, explica Hilton Cobra, um dos idealizadores do Fórum, que esteve à frente da Fundação Cultural Palmares/MinC, entre 2013 e 2014. “O IV Fórum se impõe com força e importância conquistadas nas edições anteriores. Vale ressaltar que foi por conta do Fórum que se deu início a implantação dos editais temáticos”, completa Cobra.
Estética – ‘O corpo negro na performance e algumas possibilidades de análise e teorização da estética do teatro negro no Brasil’ será a abordagem do ator Gustavo Mello, que atualmente realiza Doutorado na Universidade do Texas – EUA. Com atuações no teatro, no cinema e em telenovelas da TV Globo e Rede Record, Gustavo Mello fará parte da mesa ‘Investigações estéticas da performance negra’, ao lado da diretora teatral, Fernanda Júlia, do NATA e do premiado diretor musical, Jarbas Bittencourt, responsável pela trilha de espetáculos do Bando de Teatro Olodum e da Cia dos Comuns. Esse debate, que aprofundará o tema da estética da performance negra, acontecerá no dia 16/12, a partir das 9h30.
A diretora Fernanda Júlia (‘Erê’ e ‘Exú, a boca do Universo’) também será responsável pela direção da leitura dramatizada do texto “Oduduwá – O poder feminino da criação”, de sua própria autoria. A diretora reunirá em cena 10 mulheres, entre atrizes, dançarinas e instrumentistas, para contar os mitos e histórias relacionadas à força da mulher e sua importância para a humanidade. A leitura será realizada no dia 15/12, às 19h, também no Teatro Vila Velha.
“Passo a mais” – Presente desde a primeira edição do Fórum, a dramaturga e diretora Fernanda Julia destaca, em sua trajetória, o foco no diálogo entre a tradição e a contemporaneidade, como meio de atualização da herança africana. “E também com o que estamos chamando de “passo a mais” da performance negra, que consiste em não permitir que nos confinem artisticamente a ter como tema para a criação artística o racismo e seus desdobramentos”, reforça a artista, que atualmente conclui uma pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia.
Mais informações: http://blogdovila.blogspot.com.br/