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Ênfase em Ciência e Tecnologia não inferioriza o valor da Cultura e das Artes Liberais

Um editorial independente (um Op-ed, como se diz em Inglês) no jornal The Seattle Times, da cidade de Seattle, Estado de Washington, EUA, datado de 3 de setembro, ressalta a preocupação dos administradores de instituições acadêmicas em todo o estado que se reuniram para promover o valor e a importância das artes liberais.

Sandi Everlove, chefe (a) do Escritório Estadual de Aprendizado STEM (uma abreviatura composta pelsa iniciais das palavras Science, Technology, Engineering e Mathematics, ou seja, Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e Michael Zinmmerman, Pró-Reitor e titular do Departamento de Artes Liberais da Faculdade Estadual Evergreen, ambas as Instituições no Estado de Washington, EUA.

Segundo os autores, alguns temem que a ênfase colocada nas disciplinas STEM, relegue a um plano inferior as disciplinas e estudos das Artes e Humanidades. Um dos fatos que ressaltam como motivo para suas inquietações é o número crescente de empresas solicitando ao Estado financiamento para estas áreas técnicas e afins. As empresas alegam que precisam de profissionais formados em ciência e tecnologia para preencher os seus postos de trabalho. Este esforço tem levado algumas pessoas a discutir um falso conflito, ou seja, a escolha estanque entre disciplinas técnico-científicas e artes liberais.
Um dos aspectos mais marcantes desse quadro conflitante, que ocorre de fato aqui no Brasil, é o distanciamento crescente entre as matérias disciplinares de uma área e da outra dentro dos programas de formação educacional básica, notadamente os mantidos pela iniciativa pública.

Não é necessário desenvolver pesquisas extensivas. Basta ver a televisão, da nossa Bahia para concluir que a formação fundamental patrocinada pelo Estado e Município enfatiza as “Arte” e “Cultura”, a ponto de se fazer notar uma ausência de referencias explicitas aos conteúdos relativos a Ciências Físicas e Matemáticas.   Não tenho dúvidas quanto ao fato de que na origem dessa situação está uma parcela importante da incapacidade dos programas de educação básica tanto quanto em relação a contemplar os conteúdos STEM, quanto à promoção da distribuição balanceada da ênfase na necessidade de aquisição de conteúdos de ambas as áreas. Esse mesmo item reflete indiretamente o grau de importância colocado sobre a Educação.

Na polemica levantada pelos autores do artigo citado, a realidade em foco está geograficamente localizada em um país do “primeiro mundo”, os EUA. E apesar de tudo que sabemos e imaginamos sobre a realidade técnico-científica daquele país, os autores que são estudiosos do assunto, advertem para o perigo da concepção a priori da existência de tal conflito. Eles dizem: – “A realidade da situação é dramaticamente diferente. As disciplinas STEM não devem ser vistas como matérias dissociadas das artes liberais. Elas constituem parte destas. Educar os alunos segundo critérios estreitos, independentemente do campo, limita dramaticamente as suas opções. Por outro lado, uma educação que envolve a ampla gama de disciplinas englobadas em uma educação voltada para a formação em Artes Liberais, tais como Literatura, História, Política, Línguas, Artes, Filosofia, etc.; enseja o sucesso acadêmico em geral e o sucesso em disciplinas-tronco em particular. Cientistas e engenheiros precisam de habilidades de pensamento crítico e criatividade que vêm dos cursos e trabalho nas disciplinas afins as Artes Liberais para conceber soluções novas. Precisam também da perspectiva obtida a partir do estudo das Humanidades e Artes para que possam ser capazes de pensar profundamente sobre as implicações sociais de seu trabalho.
É igualmente importante para Escritores, Filósofos e Lingüistas entender de Matemática e do Método Científico, para serem capazes de diferenciar entre os Modelos e Falácias, distinguir entre a Ciência, Não-Ciência e Absurdos….”.

Dia desses não faz muito tempo, fui convidado para assistir a uma palestra que foi proferida por um estudante, um jovem brilhante, oriundo da rede pública que é hoje aluno de um curso de Engenharia em uma faculdade pública local. Enfatizando que o seu ingresso aconteceu, segundo depoimento do mesmo, a custa da sua característica auto-didática,  não me contive e não pude deixar de colocar a minha observação quando ouvi do mesmo que no seu curso de segundo grau estudou eletricidade “até o campo elétrico” . Meus Irmão e Irmãs: o “campo elétrico” é o começo, é o” A do Babá”, o começo da familiarização primária com a Física existente por trás de fenômenos comuns ao nosso dia-a-dia, desde o ascender de uma lâmpada elétrica nas nossas residências, até a recepção das transmissões de rádio, TV, telefone celular, Internet, etc.: Esse mesmo” campo elétrico” vai se sofisticando à medida que a educação avança corajosa e sincera no caminho da formação de profissionais STEM afins ao trato eletro-eletrônico,ou de ICT (Tecnologia da Informação e da Comunicação) podendo ultrapassar, e ir até o escrutínio das  interações atômicas e etc.: se o aluno tomar a direção da Física Teórica Aplicada, por exemplo.

Os autores prosseguem em suas consideração adicionando: “… Os Estados Unidos da América, na tem um problema STEM, pois não conseguem educar os alunos suficientemente nem em uma área nem na outra… A Educação superior americana será mais eficaz quando os alunos, independentemente dos seus campos específicos,tiverem acessos a conteúdos distribuidos por todo o espectro da Educação. As pontuações de ciências e matemática geradas por nossos alunos são significativamente mais baixas do que os dos nossos concorrentes internacionais, provocando profundas repercussões em toda a nossa economia…”.

E nós… O que podemos dizer sobre a nossa situação se comparada?

REFERENCIA:

Op-ed: Don’t pit science and math education against the liberal artshttp://seattletimes.com/html/opinion/2019041414_guesteverlovezimmermanxml.html

Imagem do Robô : http://jaycabwisdom.blogspot.com.br/

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