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Estudantes evangélicos se negam a fazer trabalho sobre cultura afro-brasileira

DAYANERedação Correio Nagô – Um grupo de alunos evangélicos do Ensino Médio da Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima, em Manaus, se recusou a fazer um trabalho sobre a cultura afro-brasileira. O protesto dos estudantes gerou polêmica entre os grupos representativos étnicos culturais do Amazonas, segundo reportagem publicada no site de notícias Acritica.com.

De acordo com a reportagem, os alunos não quiseram defender o projeto interdisciplinar com o tema “Preservaão da Identidade Étnico-Cultural brasileira. Eles teriam alegado que o trabalho faz apologia ao “satanismo e ao homossexualismo” e que seria uma proposta que “contraria as crenças deles”.

Diante da recusa e com ajuda de pastores e dos pais, os estudantes fizeram um projeto sobre as missões evangélicas na África, mas o trabalho não foi aceito pela escola. Como forma de protesto, o grupo de alunos acampou na frente da escola.

“Eles também se recusaram a ler obras como O Guarany, Macunaíma, Casa Grande Senzala, dizendo que os livros falavam sobre homossexualismo”, destacou o professor Raimundo Cardoso ao site acritica.

Para os alunos, a questão deve ser encarada pelo lado religioso. “O que tem de errado no projeto são as outras religiões, principalmente o Candomblé e o Espiritismo, e o homossexualismo, que está nas obras literárias. Nós fizemos um projeto baseado na Bíblia”, alegou uma das alunas.

Com a polêmica, representantes do Fórum Especial de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros do Amazonas, da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Amazonas, e do Ministério Público do Estado foram até a escola.

Para a representante do movimento de entidades de direitos humanos e do Fórum Especial de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros do Amazonas, Rosaly Pinheiro, a problemática ocorrida na escola reflete uma realidade de racismo e intolência à diversidade. “Nós temos dados de que 39% dos gestores e alunos das escolas são homofóbicos. Essa não pode ser encarada como uma oportunidade para se destacar um fato ruim, mas sim uma oportunidade de se discutir, de uma forma mais ampla essas questões com os alunos”, disse.

Já para a representante do Ministério Público, Carmem Arruda, a situação também deve ser encarada como uma oportunidade de esclarecer a comunidade.“É uma chance de discutir a diversidade e uma oportunidade de contruirmos uma conscientização junto não apenas aos alunos, mas sim às famílias que serão fazem refletidas junto a comunidade”, ressaltou.

Segundo a representante do Fórum pela Diversidade da OAB/AM, Carla Santiago, o caso não era para ser visto como uma atitude que fere os direitos de negros, homossexuais, mas sim um momento de conscientizar os alunos sobre a etnodiversidade.

Com informações do site de notícias http://acritica.uol.com.br/

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