Ao som dos tambores do Ilê Aiyê, o ex-presidente Lula (PT) chegou à Senzala do Barro Preto no Curuzu, no final da tarde desta quinta-feira, 26, para o seu último compromisso público em Salvador.
No final da tarde desta quinta feira (26), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve na senzala do Barro Preto, sede do bloco afro Ilê Aiyê, em Salvador, onde se reuniu com representantes do movimento negro da Bahia e lideranças religiosas para discutir as principais demandas dos movimentos. No encontro, o senador Jaques Wagner e a presidente nacional do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann também estiveram presentes.
Líderes do movimento negro demonstraram apoio ao ex-presidente numa possível candidatura em 2022. O fundador e presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos Vovô, considerado uma importante personalidade do movimento negro brasileiro, em seu discurso falou sobre o apoio ao petista, “honra grande receber nosso eterno e futuro presidente do Brasil. Estamos nessa retomada, nessa reconquista do poder. Dizer em nome dos presidentes dos blocos afros que estamos na luta antirracista e por mais negros nas posições”, declarou.
Percussionistas do Ilê Aiyê prepararam uma apresentação especial em homenagem ao líder nacional do Partido dos Trabalhadores, remetendo os desfiles do bloco no carnaval. Lula surgiu no palco trajado com boné e faixa do Ilê, antes de iniciar seu discurso, e ficou de pé ouvindo às reivindicações das lideranças. Entre elas, a Ialorixá Jaciara Ribeiro, o presidente do Olodum, João Jorge Santos, e a jovem Samira Soares, do Movimento Negro Unificado.
Uma das principais reinvindicações foi que em um possível governo, o petista precisa ter como prioridade a paridade racial nos espaços do poder, visando não só a justiça e empoderamento daqueles que foram historicamente marginalizados, mas como uma forma de garantir políticas públicas de inclusão e reparação social para o povo negro.
“Companheiros e companheiras, se eu soubesse há 20 anos o que sei hoje, eu faria muito mais para reparar o prejuízo que o povo negro tem acumulado de 400 anos no país. Hoje foi uma lição de vida para mim. Se eu tivesse juízo, nem faria discurso hoje, pegaria todo material que vocês me deram, colocaria a Janja para ler em voz alta e depois colocaria isso como pauta do programa de governo que pretendemos apresentar ao Brasil no próximo ano”, afirmou Lula, no início de seu discurso.
Lula voltou a criticar o governo do atual presidente Jair Bolsonaro, dizendo duvidar da fé de Bolsonaro, “esse homem nunca devia usar o nome de Deus. Não adianta fazer fake news contra o Lula, a verdade sempre vencerá”, afirmou. Lula ainda afirmou, caso eleito, “rever muitas das safadezas que estão fazendo com empresas públicas”.
O senador Jaques Wagner (PT) também discursou, e reforçou a importância de lutar pelo fim do preconceito no Brasil, além de aproveitar para enfatizar que esse é um dos pilares que regerão a próxima eleição a presidente da República.
A viagem de Lula a capital baiana, agitou a militância partidária e marca o final da caravana do petista ao Nordeste. Região onde nasceu e onde seu partido obteve a maior proporção de votos nas últimas eleições.
Alice Souza
Com supervisão de Valéria Lima