Pesquisa iniciada na década de 1940, na capital baiana, está aberta para visitação até 31 de janeiro
Cidades como Cachoeira, São Félix, Santo Amaro e Salvador. Entrevistas com Mestre Bimba, da capoeira Regional, Joãozinho da Goméia e Mãe Menininha do Gantois entre outras figuras públicas do Candomblé da Bahia estão na exposição ‘Gullah, Bahia, África: Lorenzo Dow Turner’, aberta `a visitação pública, no Palacete das Artes Rodin Bahia até 31 de janeiro. Fruto da parceria entre a Fundação Pedro Calmon e do Consulado Geral dos Estados Unidos, a mostra revisita a Bahia da década de 1940, abrindo para o público uma pesquisa das ligações de comunidades da diáspora africana através da linguagem, realizada pelo linguista norte-americano Lorenzo Dow Turner.
“A ideia foi trazer a exposição para onde ela foi originária. E além da exposição física, fizemos um acordo para disponibilizar essa exposição na Biblioteca Virtual Consuelo Pondé. Ou seja, digitalmente, a partir do dia 31 de janeiro, qualquer pessoa poderá ter acesso a essa exposição e à pesquisa in totum”, confessou o presidente da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, ao Portal Correio Nagô. Zulu disse também que o Nova Scotia Museum de História Natural, no Canadá, foi um dos parceiros na chegada da ‘Gullah, Bahia, África’ à Bahia que, na época, estava circulando somente lá e nos Estados Unidos. “São fotos, gravações e muitas histórias. Eu recomendo inclusive às pessoas que venham com calma para ver a exposição. Porque ela conta o percurso de Lorenzo ao longo de um ano na Bahia”, avisou Araújo.
Na calorosa recepção dos convidados que lotaram a galeria do Palacete, o Consul Geral dos Estados Unidos no Brasil – RJ, James Story, discursou em português após declamar um poema para os presentes. Texto de agradecimento à herança africana na Carolina do Sul, estado americano que nasceu. Na ocasião, ele explicou a importância de se traçar conexões sobre a rica e diversificada influência dos idiomas e da cultura africana no nosso continente. “Para nós é uma grande honra mostrar essa exposição ‘Gullah, Bahia, África’. Em sua visita à Bahia, na década de 1940, ele [Lorenzo] ficou imensamente impressionado pelas manifestações artísticas e religiosas do candomblé. Gravou depoimentos, entrevistas, músicas dos rituais religiosos, colecionou fotografias e instrumentos artísticos. Dessa maneira, exibir a exposição em Salvador foi desde o início uma prioridade na missão diplomática dos Estados Unidos no Brasil, contou o Story.
Demarcando o 20 de novembro, o secretário Estadual de Cultura, Jorge Portugal, lembrou a necessidade de resgatar a memória africana quando comparou a “dobradinha” de representantes negros na cultura do Estado. “Coincidência. Coincidência entre aspas. Não acredito em coincidência. Eu chamo tudo isso de trama de Orixás, eles conversam e dispõe para que estejamos aqui na frente, protagonizando determinados eventos negros. Não à toa, pela primeira vez na história, há uma secretário de cultura negro e o presidente, também negro, da Fundação Pedro Calmon. Trazendo a memória um tanto quanto aquietada mas importantíssima para que nos reconheçamos e saibamos inclusive seguir adiante”, concluiu o secretário ao som do multipercussionista e mestre Gabi Guedes, que regeu a trilha sonora da noite.
Da Redação do Correio Nagô
Fotos: Fabiana Guia