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Feira Preta traz opções de negócios voltados ao público negro

 

 

Com as recentes mudanças na realidade econômica para a população negra no país, a Feira Preta, que nasceu em 2002 com o propósito de promover a inclusão social e econômica da população negra, agora destaca também as oportunidades de negócios voltadas a esse nicho de mercado. O evento será realizado entre 11 e 17 de novembro como parte das comemorações do mês da consciência negra.

 

 

“Pela primeira vez, a população que se declara negra superou 50% no Censo 2010. Esse é um nicho de mercado que precisa ser explorado. Os negros sempre procuraram produtos e serviços para sua especificidade. Antes, existia um mercado paralelo, agora, isso é visível”, diz a idealizadora Adriana Barbosa. A feira anual  reúne empreendedores e artistas, negros ou não, cuja produção seja voltada aos negros ou tenha a ver com a cultura africana. 

 

Maquiagem e produtos para cabelos e pele negra, roupas adequadas às formas do corpo da mulher negra, livros e brinquedos que seguem a temática, objetos de decoração ligados à cultura africana são alguns dos produtos que os visitantes encontram na Feira Preta. Também há um espaço cultural com literatura, cinema, fotografia, música, artes plásticas, entre outros. 

FeiraPreta

 

 

Feira cresceu e adotou modelo replicável

 

O sucesso do evento em São Paulo deu origem ao que Barbosa chama de franquia social. “Com parceiros locais, viabilizamos a realização da Feira Preta em outros Estados, fomentando e reunindo a produção local”, declara.

 

 

A inspiração para a criação do evento, que está em sua 11ª edição, surgiu da experiência de Barbosa em feiras artesanais e alternativas de São Paulo. “Eu sentia falta de um espaço que reunisse produtos, serviços e cultura negra. Junto com uma amiga que também era expositora, começamos a mapear empreendedores e artistas e criamos a Feira Preta.”

A primeira edição aconteceu em 2002, na Praça Benedito Calixto, em São Paulo, e reuniu cinco mil pessoas em um dia. Já na primeira edição, as empreendedoras conseguiram patrocínio da Unilever, que, na época, estava lançando um produto voltado ao público negro.

 

 

Atualmente, a feira tem patrocínio de grandes empresas, como Petrobras, Natura e Santander, e, em nove edições, já reuniu 400 artistas, 500 expositores, 70 mil visitantes e movimentou mais de R$ 2 milhões. Informações de como participar como expositor ou visitante estão disponíveis no site.

 

 

“Trabalhar com produtos e serviços específicos para negros é uma oportunidade de nicho, não é oportunismo. As empresas precisam entender esse público, se relacionar com ele e ofertar o que ele deseja. Por isso, aplicamos pesquisas aos frequentadores da feira para entender seus hábitos”, afirma.

 

 

Outros projetos acontecem durante o ano todo

 

O envolvimento com a causa foi tão grande que surgiram outras iniciativas, formando o Instituto Feira Preta. Além da feira, o instituto tem o projeto “Pílula de Cultura”, que discute questões sociais e fomenta a cultura negra; o “Preta Qualifica” em parceria com o Sebrae, que oferece capacitação técnica e gerencial aos empreendedores; e “Casa da Preta”, espaço cultural de difusão e preservação artística da cultura negra. “Nosso público é diversificado. São todas as pessoas com interesse na cultura afro, que diz respeito também à cultura brasileira”, diz a idealizadora.

O principal desafio, segundo ela, é estabelecer parcerias. “Temos muitas dificuldades, já enfrentamos preconceito. Temos que educar o interlocutor para que ele entenda o contexto histórico e se conscientize sobre a questão”, declara.

 

 

O Instituto Feira Preta aderiu, recentemente, ao projeto Kultafro, rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra no Estado de São Paulo. A Kultafro é uma plataforma para desenvolver a sustentabilidade econômica desses negócios e mapear projetos e iniciativas culturais no Estado.

 

 

Além do Instituto, o projeto também conta com o apoio do Baobá – Fundo para Equidade Racial, CONE (Coordenadoria dos Assuntos da População Negra), FUNARTE, Fundação Cultural Palmares e Centro Cultural da Espanha, dentro do seu programa afrodescendentes.

“Fazer parte de uma rede é muito importante, pois conseguimos agir num cenário macro, ter influência em políticas públicas e dar visibilidade às iniciativas”, diz Barbosa.

 

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