Dança sensual, música alegre, mulheres fogosas, rituais de magia, religiosidade exacerbada e até intermináveis discursos de Fidel Castro. Todos os clichês consagrados sobre Cuba e os cubanos parecem ter sido contemplados nos sete episódios do filme “7 Dias em Havana”, co-produção Cuba, França e Espanha, que chega aos cinemas brasileiros nessa sexta-feira (2).
Dirigido por Benicio del Toro, Pablo Trapero, Julio Medem, Elia Suleiman, Gaspar Noé, Juan Carlos Tabío e Laurent Cantet, o longa-metragem é mais um projeto coletivo que visa homenagear uma cidade, como já aconteceu, por exemplo, com São Paulo.
Cena de 7 Dias em Havana, que estreia em circuito nesta sexta (© divulgação)
A maioria dos episódios traz uma leveza e um bom-humor quase irresistíveis. É o caso do primeiro, “El Yuma”, dirigido pelo ator porto-riquenho Benicio Del Toro, que retrata os sempre divertidos mal-entendidos entre norte-americanos e cubanos, valendo-se de outros vários clichês, com a atuação de Josh Hutcherson como um estudante de cinema. O seguinte, e talvez melhor, “Jam Session”, do argentino Pablo Trapero, mostra o diretor sérvio Emir Kusturica, que vai a ilha para se divertir, mas cai na farra com o motorista e trompetista Alexander (Alexander Abreu).
Entre os melhores, também estão “Diário de um Principiante”, do palestino Elia Suleiman, que aguarda um praticamente interminável discurso de Fidel Castro, na esperança de ser recebido pelo comandante, enquanto observa cenas cotidianas e lacônicas da ilha; e “A Tentação de Cecília”, dirigido pelo espanhol Julio Medem e protagonizado por Melvis Estevez, uma cantora de cabaré que se divide entre um jovem empresário (Daniel Brühl), que pretende levá-la para a Europa, e o companheiro dela, um lutador fracassado em Havana.
Cecilia retorna em “Doce-amargo”, do cubano Juan Carlos Tabío (diretor do aclamado “Morango e Chocolate) e protagonizado pelos veteranos Jorge Perugorría (um aposentado) e Mirta Ibarra (psicóloga que reforça o orçamento familiar confeccionando doces).
Em “A Fonte”, o diretor francês Laurent Cantet registra o fanatismo religioso da população cubana, ao fazer esforços insanos para atender ao pedido que uma mãe de santo garante ter recebido de madrugada da Virgem Maria. No mesmo caminho, o franco-argentino Gaspar Noé mostra, em “Ritual”, um ritual de exorcismo a que é submetida uma garota, após ser flagrada pelos pais dormindo com outra menina.
Portanto, “7 Dias em Havana” traz diferentes olhares sobre Havana, registrando também a exuberante paisagem local, marcada por diversos contrastes que possui. Depois de ver esse filme, será difícil ficar sem ter vontade de se embrenhar por aqueles edifícios antigos misturados ao luxo e requinte dos hotéis espalhados pelo Malecón.
Por: Guilherme Bryan, especial para a Rede Brasil Atual
Fonte: Rede Brasil Atual