A escritora Conceição Evaristo tem sido um dos destaques do estande brasileiro no Salão do Livro de Paris, evento que tem o Brasil como país homenageado. Em matéria publicada nesta segunda-feira, 23/03, o jornal Folha de São Paulo ressalta que a mineira é uma das mais assediadas até agora no salão, tendo sido a escolhida para representar os colegas na hora da visita do presidente francês, Francois Hollande ao espaço brasileiro. “Depois de falar numa mesa, no sábado, deu autógrafos, tirou fotos e conversou com leitores por quase uma hora”, detalha o jornal paulista.
Sem se deixar levar pelos afagos, a escritora disse ao jornal que o furor é causado pela “presença da negra fora das instâncias em que se está acostumado a vê-la (…) Não seria a mesma coisa se isto aqui [o salão] fosse um festival de gastronomia em que baianas estivessem preparando acarajés”, revela.
Doutora em Letras e autoras de obras como “Becos da Memória”, “Olhos D´Agua” e “Ponciá Vicêncio” (cuja tradução está sendo lançada no evento parisiense), Conceição Evaristo, de 68 anos, é um dos nomes menos conhecidos entre os 43 representantes da literatura brasileira, como pontua a matéria da Folha de São Paulo. “Sei que meu caso chama atenção porque não é muito comum uma escritora brasileira negra participar de uma feira internacional. A gente fica como fruta rara”, diz.
Feira de Frankfurt – em 2013, uma polêmica envolveu a presença de escritores brasileiros na Feira de Frankfurt – Alemanha, justamente no ano em que o Brasil foi o homenageado. A imprensa alemã considerou racista a seleção de representantes, pois não apresentava a diversidade étnica brasileira. Dos 70 escritores, apenas um negro (o carioca Paulo Lins) e um indígena (o paraense Daniel Munduruku).
Da redação do Correio Nagô, com informações da Folha de São Paulo