
A obra é o quarto volume da Coleção Caminhos da Justiça Global, que reúne discussões sobre justiça socioambiental. O lançamento é uma parceria da Associação de Pesquisa Iyaleta com a Justiça Global e Kaza 123
Nesta quinta-feira (27), às 19h, acontece o lançamento do livro “A Terra gira entorno do Eixo Imaginário: Escala Racial Global na Natureza Terra”, segundo livro do geógrafo Diosmar Filho, pesquisador sênior da Associação de Pesquisa Iyaleta. O evento será realizado na sede da Kaza 123 (Rua Visconde de Abaeté, n° 123, Vila Isabel) e resulta da parceria entre a Associação de Pesquisa Iyaleta, a Justiça Global e a Kaza 123.

A obra está organizada em sete capítulos e apresenta uma linha temporal e espacial de cem anos de eventos e fenômenos climáticos e geológicos nos continentes África, Ásia, Europa, Oceania e Américas, que afetaram 114.369.010 milhões de pessoas. Segundo Diosmar Filho, “é necessário pensar no movimento mundo e o que este nos apresenta com análises que tenham nas realidades os espaços formados pelos crimes raciais”, afirma o autor.
Dessa forma, A Terra gira entorno do Eixo imaginário proporciona mais que um debate: propõe uma formação para ampliar a compreensão sobre os crimes de racismo no Estado Racial Global, em um contexto em que o mundo enfrenta o desafio de combater as mudanças climáticas. Para o autor, os avanços científicos, técnicos e tecnológicos, no período analisado, evidenciam os crimes de racismo ambiental sobre as humanidades nos espaços do Sul Global. “Nos convoca a avançar na justiça territorial para a implementação do ‘Tempo de Transição Não-Racial’, diante da nossa responsabilidade em reduzir a temperatura média da Terra em 1.5°C até 2030”, afirma.
Ao tratar do que chama de Estado Racial no Brasil, “cujo enfrentamento seria vital para combater as injustiças e os crimes ambientais e climáticos, ambas de proporções mundiais”, o autor “traz as narrativas negras sobre a história afro-brasileira como Clovis Moura, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzales, Abdias Nascimento, Luiza Bairros, Valdecir Nascimento e Nego Bispo. Partindo de conceitos básicos agregados na disciplina da Geografia, como Norte e Sul, e as convenções de marcações espaciais, da criação e contagem do tempo no marco zero do meridiano de Greenwich na cidade inglesa de Londres, fato e meio, pelo qual se produziram os imaginários colonialistas”, afirma Cristiane Faustino, assistente social de formação e coordenadora institucional do Instituto Terramar, que assina o prefácio da obra.
O livro conta ainda com apresentação do geógrafo Jorge Luiz Barbosa (professor titular da Universidade Federal Fluminense – UFF). Para Barbosa, a leitura oferecida por Diosmar Filho “é um território de saberes e fazeres em utopias. O Eixo Imaginário colocado em causa se move e é movido em distintas marcações. Uma delas, é a frondosa Caatinga nordestina. Ao contrário das representações estigmatizantes da miséria e estereotipadas da seca, a Caatinga é o território de beleza e afeto. Para além de alimentar de água a cidade de Salvador, que já seria um marco para sua preservação enquanto natureza e dos modos de vida quilombolas que a protege, a Caatinga é luminosa de plantas, rios, solos e gentes”.
O livro integra o quarto volume da Coleção Caminhos, uma iniciativa da Justiça Global, que tem como objetivo oferecer o diálogo e o debate sobre os temas relacionados à justiça socioambiental, em consonância com a luta contra o machismo e o racismo, e pela garantia do direito à terra e ao território como direito coletivo relacionado ao acesso aos bens comuns da natureza. Com distribuição gratuita, o livro está disponível em formato impresso no idioma português e ebook nos idiomas português, inglês e espanhol.
Sobre o Autor
Diosmar Filho é geógrafo, filho de Passagem dos Teixeira (Candeias-Bahia), soteropolitano por paixão, vive na cidade de Salvador há 30 anos. Doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pesquisador Sênior e integra a Coordenação Científica da Iyaleta – Pesquisa, Ciências e Humanidades. Na liderança da linha de pesquisa “Ordenamento Territorial, Desigualdades e Mudanças Climáticas” integra a coordenação dos projeto de pesquisa “Adaptação Climática: uma intersecção Brasil 2030” e é ponto focal da Associação de Pesquisa Iyaleta na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). Atualmente é bolsista CNPq DTI – Nível A no “Projeto de Pesquisa ELSA MOB Bahia” do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFBA). Em 2018, lançou seu primeiro livro “A Geopolítica do Estado e o Território Quilombola no século XXI” pela Paco Editorial. No ano de 2014, lançou o primeiro documentário longa-metragem “IGI OBA NILE – Memórias de Mãe Raidalva” (N5 Filmes), assinando com Chico Soares a direção. No ano de 2021, lançou o segundo documentário (telecine) “TERRAS QUE LIBERTAM – histórias dos Cupertinos” (Ajayô Filmes), de sua autoria e direção com Harrison Araújo. Em 2022, coordenou a publicaçao do Caderno Temático “RACISMO AMBIENTAL E RE-EXISTÊNCIA DE TERRITÓRIOS NEGROS EM TODO O MUNDO”, publicado pela Revista da ABPN – Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as. Além de ser autor de artigos, livros, notas técnicas e cadernos especiais sobre ordenamento territorial urbano, racismo, territórios quilombolas, população negra, desigualdades e adaptação climática no Brasil.


