“Estou muito feliz e satisfeita pelas pessoas que estão presentes. Por meus amigos estarem todos aqui. Não tenho como agradecer a Deus e pedir forças para que eu continue fazendo o meu feijão”, disse emocionada, a ‘Nega Ginga’, entre amigos no Largo Tereza Batista, na tarde do último domingo (04), na quarta edição da Feijoada da Ginga. A culinarista acolheu seus convidados com muito samba no pé, bebida e comida gostosa, movimentando o Centro Histórico com as apresentações da banda Bambeia, Que Samba, Partido Popular entre participações especiais de Gal do Beco, Aloísio Menezes, entre outros artistas baianos.
O cheiro do feijão, ao som da banda Bambeia, que abriu a festa, exalava um clima amistoso e muito axé para quem circulava no local. Esse axé de Ginga faz parte de uma história de vida de emponderamento, ativismo em questões ligadas aos homens e mulheres negras empreendedoras de Salvador. Causa apoiada pelo estilista da camisaria Black Atitude, Wander Charles, que considerou a Feijoada de Ginga uma manifestação de fortalecimento da cultura negra. “ A Feijoada da Nega Ginga contribui para nossa união. Eu tenho uma missão, essa missão eu destaco através das roupas que faço. Missão contra a segregação racial, para fortalecer a cultura negra e o grande fator de se fortalecer a nossa cultura nos unindo a todo tipo de evento que traga essa exaltação da nossa cor, da nossa cultura”, afirmou Wander ao Portal Correio Nagô.
Na mesma corrente, a cabeleira e empresária, Negra Jhô, compareceu para apoiar a amiga. “ Estou aqui porque acredito na ‘minha mulher negra’, nas nossas mães, na nossa ancestralidade. O que aprendemos a fazer na cozinha dos brancos, estamos fazendo na nossa culinária para o nosso povo comer”, disse após reafirmar a dificuldade que a mulher negra enfrenta para chegar a liderança na Bahia. “Agradeço por está aqui, por Ginga, pela luta. Porque para uma mulher negra ser liderança de uma festa como essa é muito complicado. Quando o povo vê a gente negro líder fecham as portas, mas nós aprendemos o pular a janela”, registrou.
Projeto Pessoal
Aidil Moreira, mais conhecida como Ginga, é um empreendedora que fortalece a culinária baiana, de matriz africa e não se esquece dos seus. A Feijoada deste ano possui um propósito, além da exaltação da comida brasileira e confraternização dos amigos. A realização possui o intuito de divulgar e colher fundos para um projeto pessoal em andamento, que é o mapeamento de pequenos empreendedores “escondidos” nos bairros periféricos de Salvador.
A iniciativa consiste em encontrar afroempreendedores, profissionalizá-los e divulgar seus pontos de venda para a auto suficiência do negócio. “Com ou sem ponto fixo, permanente ou de ocasião, o pequeno empreendedor terá subsídios para qualificar sua mão de obra e valorizar, ainda mais, o seu trabalho em um seminário de capacitação”, deseja Ginga, que ganhou esse apelido em homenagem à rainha NGinga (ou Nzinga), que luto pela libertação de Angola do julgo colonizador português.