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Governo promete aluguel social e novo terreno aos índios da Aldeia Maracanã

Líderes indígenas veem a proposta com desconfiança, mas prometem estudá-la; novo terreno seria na Quinta da Boa Vista

cartaz milton santos reprodução 0O secretário estadual de Assistência Social do Rio de Janeiro, Zaqueu Teixeira, apresentou hoje (16) aos indígenas que habitam a Aldeia Maracanã, dentro do terreno do antigo Museu do Índio, uma nova proposta para que estes deixem o local. Entre as promessas feitas pelo secretário estão o pagamento de um aluguel social no valor de R$ 400 aos indígenas cadastrados como moradores e a cessão de um novo terreno, localizado nas proximidades, para onde todos seriam transferidos.

O governo e a prefeitura do Rio querem demolir o prédio do Museu do Índio, onde hoje vivem cerca de 80 indígenas, como parte do projeto de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Em seu lugar, está prevista a construção de um shopping center e um estacionamento. Uma tentativa de reintegração de posse pela Polícia Militar foi abortada no sábado (12), e agora um grupo de cerca de 300 pessoas – engrossado por outros indígenas, estudantes e demais apoiadores da permanência da Aldeia Maracanã – permanece em vigília no terreno.

Os indígenas receberam a proposta do governo com desconfiança, mas prometeram estudá-la: “Não havia muita novidade em relação ao que já haviam nos dito antes. Precisamos decidir melhor sobre essa questão do aluguel social. O que tem de novo é a proposta do terreno. O secretário disse que é maravilhoso, mas precisamos ver se é verdade”, diz José Guajajara que, ao lado do cacique Carlos Tukano, é um dos líderes da Aldeia Maracanã.

Embora isso não esteja confirmado no documento que Zaqueu Teixeira entregou aos índios, o terreno escolhido pelo governo ficaria dentro da Quinta da Boa Vista, também ao lado do Maracanã e conhecido ponto turístico da cidade. Antes do encontro com os índios, o secretário afirmou que o governo havia preparado uma proposta que “respeita a cultura indígena”.

Reação
Hoje, a Comissão de Direitos Humanos da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) divulgou nota condenando a retirada dos indígenas. Segundo a comissão, o prédio foi abandonado pelas autoridades públicas competentes, e a ocupação do local pelos índios “retomou a vocação original deste espaço às atividades fins e meio de apoio à proteção simultânea do patrimônio histórico cultural e pela integridade dos povos indígenas”.

O Conselho Nacional dos Direitos Indígenas também divulgou um documento no qual defende a permanência dos indígenas na Aldeia Maracanã. A Defensoria Pública da União do Rio informou que, caso a Justiça decida a favor da demolição do prédio, vai internacionalizar a questão e recorrer à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Na segunda-feira (14), o Ministério Público Federal deu entrada em um pedido para impedir a demolição do antigo museu. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região julga o pedido de reintegração de posse do local por parte do governo estadual.

Por: Maurício Thuswohl, da Rede Brasil Atual

Fonte: Rede Brasil Atual

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