Na próxima segunda-feira (15), organizações indígenas estão preparando a ‘Grande Marcha da Resistência Mapuche’, que sairá às 11h da Praça Itália, em Santiago, no Chile. A manifestação será uma forma de chamar atenção e pedir liberdade, justiça e autonomia para este povo, que sofre continua criminalização no país.
A Marcha, iniciativa da Organização Meli Wixan Mapu, Comunidades José Guiñón, Wente Winkul Mapu e Autônoma Temukuikui, quer também assegurar apoio aos indígenas que estão em greve de fome há 45 dias em Araucanía chilena, mostrar que eles não estão sós e que na capital existe um povo mapuche mobilizado e um povo chileno solidário que se une a eles em suas demandas pela liberdade.
Os indígenas Paulino Levipán, Rodrigo Montoya, Erick Montoya e Daniel Levinao estão em greve de fome há mais de 40 dias. Todos estão com a saúde debilitada, já perderam até 13 quilos e por isso foram levados ontem (10) ao Hospital de Angol, para a estabilização de seu estado de saúde. Os mapuche estão presos e decidiram realizar a greve de fome como medida para reivindicar à Corte Suprema de Justiça (CSJ) a revisão de suas penas, consideradas abusivas.
Paulino Levipán e Daniel Levinao foram condenados a dez anos e um dia de prisão por homicídio frustrado contra um soldado e a mais 541 dias por porte ilegal de arma de fogo. Já Rodrigo Montoya e Erick Montoya estão esperando julgamento.
Os grevistas somam às suas demandas a revisão de suas penas, a anulação das condenações, o fim do uso de testemunhas protegidas e das montagens político-judiciais contra os indígenas. Eles também querem a concretização de demandas antigas como a desmilitarização imediata do território mapuche, o fim das torturas a crianças, mulheres e anciãos nas investigações realizadas nas comunidades e a liberdade para todos os presos políticos indígenas do país.
A Marcha da Resistência Mapuche será encerrada com um ato político-cultural no parque florestal, que terá a participação dos werken das comunidades Wente Winkul Mapu, José Guiñon e Autônoma Temucuicui.
Direito à greve de fome
A Anistia Internacional (AI) está preocupada com a possibilidade de os grevistas mapuches sofrerem uma alimentação forçada. A organização internacional aponta que isto poderia ser considerado um ato cruel, desumano e degradante.
A aflição da organização é motivada pela apresentação de recurso do Ministério de Justiça ante a Corte de Apelações de Temuco no último dia 2 visando resguardar a saúde dos indígenas. AI esclarece que a necessidade médica é a única razão pela qual a alimentação forçada pode ser compatível com os direitos humanos e só pode ser feita depois de uma avaliação da capacidade mental e de saúde do grevista.
“Por isso, Anistia Internacional se opõe à alimentação forçada de uma pessoa em greve de fome que seja mentalmente capaz, quando acontece sem supervisão médica, ou antes, de que existam razões médicas para fazê-lo, ou se realiza de uma maneira cruel”, esclareceu Ana Piquer, Diretora Executiva da AI– Chile.
Fonte: Adital – Notícias da América Latina e Caribe