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Grupo palestino assume autoria de atentado em Tel Aviv, revela jornal

Explosão em veículo na capital israelense pode mudar os rumos das negociações para paz

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A Brigada dos Mártires de Al Aqsa assumiu a responsabilidade pelo atentado desta quarta-feira (21/11) contra um ônibus na capital israelense que deixou pelo menos 21 feridos, revelou o jornal Haaretz. De acordo com as informações, o grupo terrorista palestino, baseado na Cisjordânia, teria coordenado o ataque com uma delegação da Faixa de Gaza.

A explosão desta quarta foi o primeiro atentado terrorista em Tel Aviv desde abril de 2006 e acontece em meio à ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza que já deixou pelo menos 140 palestinos mortos e mais de 1000 feridos.

Para o porta-voz do Hamas, o ataque é uma resposta legítima aos massacres de Israel no território palestino. “As facções palestinas vão recorrer a todos os meios possíveis para proteger nossos civis na ausência de um esforço mundial para deter a agressão israelense”, afirmou Abu Zuhri à agência Reuters. O Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde as eleições de 2006, não admitiu ter envolvimento com o ataque.

As autoridades israelenses caracterizaram a explosão como um atentado terrorista, mas declararam que serão realizadas investigações pelo serviço de inteligência e pela polícia para averiguar o caso. Segundo os jornais locais, um homem não identificado foi preso imediatamente, mas logo foi liberado. Agora, oficiais israelenses perseguem dois suspeitos.

O Ministério de Segurança Pública afirmou que, aparentemente, os explosivos estavam instalados debaixo de um dos bancos do veículo. A explosão aconteceu no centro comercial de Tel Aviv por volta das 12h (em horário local) e de acordo com o porta-voz do premiê israelense, a maior parte das vítimas apenas sofreu ferimentos leves.

“Desde o início dos acontecimentos recentes, estávamos nos preparando para o lançamento de mais foguetes sobre o sul e para a possibilidade de ataques terroristas”, reconheceu o policial Yohanan Danino. O serviço de inteligência israelense havia recebido informações de que atentados estavam sendo planejados para essa semana contra autoridades do país, indicou o Haaretz.

Mudança nos rumos da paz?

A explosão na capital israelense pode alterar os rumos das negociações de cessar-fogo entre representantes de Israel e do Hamas, que se comunicam por meio de mediadores internacionais, e adiar, ainda mais, o fim das agressões. O grupo de resistência palestina havia dito que a trégua seria anunciada pelas partes ainda na noite desta terça-feira (20/11), mas oficiais israelenses negaram o acordo.

Entre as principais demandas de Israel que supostamente não eram contempladas pela proposta de acordo dos palestinos está o total cessar-fogo de Gaza e a ratificação de esforços internacionais para prevenir que grupos de resistência “voltem a se armar”. O Hamas, por sua vez, pediu o fim dos ataques a civis e a revogação do bloqueio israelense sobre o território palestino.

“A trégua ainda não aconteceu porque estamos esperando o lado israelense responder”, disse um membro da organização palestina citado pela Al Jazeera. “Israel ainda não nos respondeu, então nós não vamos realizar uma coletiva de imprensa esta noite e devemos esperar até amanhã (22/11)”, acrescentou.

De acordo com o jornal britânico Guardian, as autoridades israelenses ainda não responderam à proposta palestina por desentendimentos internos. Segundo informações da imprensa local, o ministro da Defesa, Ehud Barack, é a favor do cessar-fogo enquanto o premiê, Benjamin Netanyahu, e o ministro de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, se opõem ao acordo neste momento.

À emissora britânica BBC, o porta-voz do governo israelense, Mark Regev, disse que “não tem dúvidas de o Hamas ficaria mais do que feliz com uma trégua, já que teria tempo de se rearmar e conseguir mais mísseis para lançar contra Israel”.

Enquanto as negociações se arrastam, os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza prosseguem e o número de vítimas apenas aumenta. Em oito dias de operação, pelo menos 138 palestinos foram mortos, incluindo 34 crianças.

Os palestinos temem que a operação “Chumbo Fundido”, que deixou mais milhares de mortos entre 2008 e 2009, se repita. Na ocasião, em apenas 22 dias de ataques israelenses, 1.434 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza. De acordo com dados do Centro Palestino de Direitos Humanos, apenas 235 dos mortos eram combatentes e a vasta maioria (1.259), civis.

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