Em 2021, o Festival Radioca se reformulou para o ambiente digital enquanto a sua edição presencial não podia acontecer. Duas das atrações do “Rede Radioca – NoSSAs Casas Doc Show”, disponível no YouTube, foram o Ilê Aiyê e A Trupe Poligodélica: uma relíquia representativa e uma potente revelação da música baiana, que não poderiam se restringir à experiência virtual. Por isso, o 6º Festival Radioca, que acontece nos dias 12 e 13 de novembro na Fábrica Cultural, na Ribeira, anuncia o primeiro e mais famoso bloco afro da Bahia e o quinteto do Vale do São Francisco como atrações da retomada do evento presencial. Ingressos estão à venda em www.ingressolive.com/6o-festival-radioca.
Nascido no Curuzu – Liberdade, bairro tido como o de maior população negra do país, o Ilê Aiyê foi fundado em 1º de novembro de 1974, com o objetivo de preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira. Ao longo de 48 anos, vem homenageando países africanos, revoltas negras, personalidades e estados brasileiros que contribuíram fortemente para o processo de identidade étnica e autoestima do povo negro.
O movimento rítmico-musical inventado na década de 1970 pelo Ilê foi responsável pela revolução do carnaval baiano. A partir dele, a musicalidade da festa ganhou novos ritmos oriundos da tradição africana. Com mais de mil associados, o Ilê Aiyê hoje é patrimônio da cultura baiana, um marco no processo de reafricanização do carnaval da Bahia. Sucessos como “Que Bloco é Esse”, “Ilê de Luz”, “O Mais Belo dos Belos”, “Depois que o Ilê Passar”, “Negrume da Noite”, “Adeus Bye Bye” e “Deusa do Ébano” ecoam mundo afora.
A banda, nomeada Band’Aiyê, tem como idealizador e produtor o internacionalmente conhecido Antonio Carlos Vovô e é formada exclusivamente por artistas afrodescendentes. É atualmente comandada pelos cantores Guiguio, Graça Onasilê, Reizinho, Altair, Adelson e Cristiano, acompanhados por nove percussionistas sob a batuta dos mestres e arranjadores Marivaldo Paim, Mario Pam e Carlos Antonio Kehindê. A dança afro fundamentada no Ijexá é também uma das características fundamentais do espetáculo, dando corpo a elementos da ancestralidade africana guardados pelos Terreiros de Candomblé. A discografia, batizada com o nome de “Canto Negro”, é composta por quatro álbuns, além do DVD “Ilê Aiyê – Bonito de se ver” (2013), seu lançamento mais recente.
Já A Trupe Poligodélica, com raízes no Vale do São Francisco, tem sua sonoridade influenciada por várias vertentes da música popular brasileira e internacional, com pitadas de psicodelia e muita poesia. Formado em 2017, o quinteto tem músicos de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE): Fatel, Ciro, Alvin, Fellipe e Victória. O som de identidade própria é, ao mesmo tempo, dançante e envolvente, com perspicácia, acidez e beleza.
O primeiro disco, “A Transmutação do Eco em Lenda”, foi gravado no estúdio do Ilê Aiyê e lançado em 2020, baseado no rock progressivo e psicodélico, mas também em ritmos que passam pelo blues, baião, samba, ciranda, afrobeat, afoxé, brega, entre outros. O segundo álbum, “Oroboros”, de 2021, gravado durante a pandemia, aborda o conceito de ciclos e tem o sentimento de recomeço em cada faixa.
O 6º Festival Radioca tem produção da Tropicasa Produções e patrocínio do Estado da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda
