19/11/17 I às 13h14
Milhares de pessoas participaram da 3ª edição do Projeto Concha Negra para ver o negrume da noite, o bloco Ilê Aiyê – que reluziu a Concha Acústica do Teatro Castro Alves ontem (18), às vésperas do Dia da Consciência Negra.
“Essa casa cheia desse jeito confirma que a Concha é negra. Nós, blocos afro, já lotamos esse espaço em outros shows. Hoje, apesar de todas as dificuldades, resistimos”, declara Vovô, o fundador e presidente do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro da Bahia.
O som das primeiras batidas dos tambores já fizeram o chão da Concha tremer. Para o auxiliar administrativo, Felipe de Melo, o show do Ilê no Mês da Consciência Negra serve para fortalecer a luta contra o racismo. “Valoriza a nossa identidade. Isso é muito representativo, pois estamos falando de um bloco que completou 44 anos no dia primeiro de novembro. Saio no Ilê todos os anos porque sou Ilê o ano inteiro”, diz.
Edjane Ribeiro nunca desfilou no bloco, mas acompanha como pode. “Ano que vem espero poder realizar esse sonho. Esse show está super agradável e cheio de pessoas bonitas. É preciso valorizar nosso povo e a cultura negra”, considera.
O espetáculo contou com a participação de Daniela Mercury e Criolo, além de abertura com o Bando de Teatro Olodum – convidados que agradaram o público que lotou a Concha para apreciar o perfil azeviche.
A plateia foi reforçada pela presença de artistas, intelectuais e militantes negros. Entre eles: o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos; a jornalista e digital influencer Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má; o ator do Bando de Teatro Olodum, Jorge Whashington (que também atuou no quadro Janela Baiana, abrindo espetáculo); dentre outros.
A próxima edição do Concha Negra tem como anfitrião o bloco Cortejo Afro que receberá a banda Baiana System, dia 17 de dezembro. Olodum se apresenta dia 7 de janeiro de 2018 e Malê Debalê, 4 de fevereiro.
A consultoria artística do projeto Concha Negra é de Elísio Lopes Jr. “A proposta é trazer ao palco da Concha as bandas e blocos afro. A gente vem a cada edição trazendo um resumo do que é o trabalho de cada bloco durante o ano inteiro. Eles aparecem muito fortemente no Carnaval, mas muitas vezes, as pessoas não entendem que se trata de um grupo artístico, que tem uma linguagem e repertório”, explica Elísio.
#IlêOAnoInteiro
O Ilê está com campanha de financiamento coletivo “SOU ILÊ O ANO INTEIRO”, com o objetivo arrecadar fundos para a manutenção e desenvolvimento de duas grandes ações sociais do Ilê: A Escola da Mãe Hilda e Band’erê.
Quem deseja colaborar com o crowdfunding e ajudar este projeto, pode buscar informações na página da campanha: https://www.kickante.com.br/campanhas/sou-ile-o-ano-inteiro
Até o momento, o bloco somente arrecadou 13% da meta de R$30.000
Donminique Azevedo é jornalista repórter e editora do Portal Correio Nagô.