Até o dia 1º de julho, o Ilê Aiyê realiza a Feira de Empreendedoras Criativas – FEIRAIYÊ, com o objetivo de capacitar e de promover oportunidades de negócios para mulheres negras, indígenas e ciganas. A programação, virtual e gratuita, terá sete atividades, entre mentoria, oficinas e painéis, que abordam temas que vão desde a presença digital até gestão financeira, passando por gestão do tempo e sustentabilidade.
Essa segunda edição traz uma abordagem acolhedora, gerando um espaço de trocas e experiências, com um olhar atento a questões profundas, como sobrecarga de trabalho e falta de oportunidades. A FEIRAYÊ é realizada pelo Ilê Aiyê, junto com a Caderno 2 Produções, com produção da Multi Planejamento Cultural e patrocínio do Governo do Estado da Bahia.
Para a mentoria “Presença Digital” e as oficinas “Jornada de Acolhimento às Empreendedoras” e “Gestão Financeira”, as interessadas devem se inscrever no link. Já os painéis, cujos temas são “Empreendedorismo e Identidade – Transformando sonhos”, “Empreendendo na Pandemia – Case Kit Glossy”, “Autocuidado e Gestão do Tempo” e “Empreendedorismo e Sustentabilidade, terão transmissão com acesso livre no YouTube.
Uma das convidadas é a paraense Luakam Anambé, 53 anos, que ressignificou a infância perdida para o trabalho infantil através das Bonecas Anaty, um empreendimento de bonecas artesanais que hoje ajuda as crianças de sua aldeia da etnia Anambé a terem o direito de brincar. Outra é a baiana Hellen Nzinga, 25 anos, gestora de projetos sustentáveis, cofundadora e executiva em EcoCiclo, marca que desenvolveu o absorvente brasileiro 100% biodegradável. Elas conduzem, respectivamente, os painéis “Empreendedorismo e Identidade – Transformando sonhos” e “Empreendedorismo e Sustentabilidade”.
“A atenção que a FEIRAIYÊ dá às mulheres empreendedoras que integram grupos minoritários e desfavorecidos socialmente é mais uma ação afirmativa do Ilê em busca de igualdade e equidade de gênero, sobretudo das mulheres negras junto à população”, defende o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos Vovô.
Empreendedoras negras em desvantagem – Estudo realizado pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, revela que a pandemia da Covid-19 atingiu especialmente negócios liderados por mulheres empreendedoras. O levantamento apontou que 52% das micro e pequenas empresas lideradas por mulheres paralisaram “de vez” ou temporariamente as atividades, e 47% entre homens do mesmo segmento.
Já o Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, também do Sebrae, mostrou que, durante a pandemia, o setor de empreendedores mais afetado foi o de mulheres negras. Segundo dados da instituição, 36% delas fecharam suas empresas ou pararam seus negócios, e muitas não possuem infraestrutura para conseguir realizar serviços de delivery ou online.
O relatório também dá conta de que somente 35% das mulheres brancas empreendem por necessidade, enquanto esse caso é a regra para 51% das mulheres negras. Além disso, apenas 21% das mulheres negras são registradas com CNPJ. O índice é o dobro entre mulheres brancas.
O Sebrae levantou ainda que, antes mesmo da pandemia, as mulheres negras já eram o grupo social de empreendedores que recebia a menor renda média: R$ 1.384. O Sebrae levantou ainda que, antes mesmo da pandemia, as mulheres negras já eram o grupo social de empreendedores que recebia a menor renda média: R$ 1.384. Além disso, foi identificado que algumas das principais áreas de empreendimento de mulheres negras estão envolvidas em serviços de cuidado doméstico, enquanto isso não aparece para mulheres brancas.