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João Bosco Borba, presidente Anceabra, morre vítima da covid-19

O presidente da Associação Nacional dos Coletivos de Empresários afro-brasileiros (Anceabra), João Bosco Borba, faleceu na noite desta quarta-feira (9/9), em São Paulo, por complicações da covid-19.

João Bosco Borba era brasiliense, tinha 60 anos, e atuava também como psicanalista clínico e infantil, além de ser fisioterapeuta.

A publicitária e CEO da MercAfro, Luciane reis, prestou homenagem ao militantes pela causa do afro-empreendedorismo. Confira:

Sou resultado de uma geração formada sentada mais de 48h, ouvindo seus mais velhos.

Sim, não tinha nada de “crise geracional”. Eles falavam, nós anotávamos, copiávamos e depois disputávamos nossas ideias com eles conforme íamos amadurecendo.

Não era simples e tranquilo.

Tinham dias que as “atividades” eram bem tensas, afinal discordávamos de quem nos formou. Se para as novas gerações eles já são referências, para nós eram mais ainda.

Assim foi com João Bosco Borba, psicanalista e fisioterapeuta, presidente da ANCEABRA – Associação Nacional dos Coletivos de Empresários Afro-Brasileiros, primeira entidade de afro-empreendedores do Brasil.

Lembro que a primeira vez que ouvi falar da ANCEABRA, estava no pré-vestibular do Instituto Steve Biko, em Salvador.

Eu que tinha referência de gente negra com dinheiro somente como camelô ou traficante, conheci alguém que era empresário e tinha dinheiro na carteira.

Eu, SARAMANDISTA, vinda de uma geração que contava pequenas notas e de “comerciantes de sinaleira, informal ou ilegal”, conheci pessoas que na minha cabeça, ganhavam dinheiro de fato neste país.

Ali nascia meu primeiro flerte com a área econômica e financeira.

Com o tempo, fui aprendendo que não era bem assim. A realidade do empresariado negro é bem diferente da dos brancos e que bom que estamos buscando mudar isto.

20 anos atrás, pensar em gente negra com dinheiro era pensar a ANCEABRA. Era se sentir importante ao sentar com Bosco em uma Conferência de Igualdade Racial e discutir como era preciso pensar dinheiro sobre o olhar negro.

É muita coisa pra falar de nossos “nêgos véios”. O que hoje chama coach, mentor dentre outras denominações, chamávamos de dirigentes e “nêgos véios”.

Precisamos ler econômica e financeiramente os nossos e Bosco com certeza é uma destas fontes que não podemos deixar de fora.

Perdemos um militante e acima de tudo um nome que nos ensinou a pensar dinheiro para além da sobrevivência.

Minha singela homenagem acerca do seu enorme legado que carrego comigo“.

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