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Jovem que denunciou racismo no Chupito Bar rebate nota oficial do estabelecimento

05/04/2018 | às 17h40

“Não sou contra abordagens de segurança até o momento em que elas acontecem de modo geral, sem distinção”, falou ao Portal Correio Nagô, Lucas Fernandes, 23, sobre nota oficial do bar Chupito Bar, acerca da denúncia de racismo feita pelo estudante de enfermagem nesta segunda-feira (2).

De acordo com Lucas, um segurança do bar se negou a permitir sua entrada no estabelecimento, afirmando que era necessário apresentar uma ficha de consumo para ter o acesso liberado – procedimento que, segundo o estudante, foi diferente para com os amigos brancos que tiveram acesso ao espaço sem nenhum impedimento. 

Após a divulgação do caso no site Dois Terços, o Chupito Bar disponibilizou uma nota oficial negando versão: “Verificamos as imagens do nosso circuito interno e vimos que o estudante Lucas Fernandes de fato foi abordado por nosso segurança às 3h06 da madrugada de sábado para domingo. Eles interagem por cerca de 10 segundos e Lucas entra no bar”, diz trecho da nota.

Lucas contou sobre o sentimento de tristeza acerca da postura do Chupito: um estabelecimento que utiliza-se de uma nota pública para descredibilizar e minimizar um ato como esses, ao invés de desencorajar esse esse tipo de atitude.” 

O bar foi questionado sobre entrar em contato com o cliente em questão para prestar esclarecimento, mas não respondeu, apesar de alegar posicionamento antirracista: “nossa política é contrária a qualquer prática discriminatória, isto já está escrito na entrada do  estabelecimento e impregnado em toda a nossa proposta”.

Após o incidente, Lucas e os amigos foram até a 7ª Delegacia de Polícia para registrar a denúncia. Segundo o Bar, eles só tiveram conhecimento da situação na segunda-feira (2) por notificação da Delegacia, e a postura seguinte foi divulgar uma nota oficial.

Quando perguntado sobre o contato para esclarecimento por parte do estabelecimento, Lucas desabafou: “Em nenhum momento, mesmo diante de toda repercussão, os responsáveis pelo estabelecimento entram em contato comigo. Seja para um pedido de desculpas ou para informar que aquela informação estava sendo investigada. Em notas eles relatam que foram ouvir as partes para buscar a melhor forma de esclarecer o acontecido, mas a única parte ouvida foram os seguranças”.

O Chupito Bar informou que não disponibilizará as imagens publicamente por medida de segurança, mas a situação será apurada.

Leia a nota na íntegra do Chupito Bar divulgada no Facebook:

NOTA

Na segunda-feira pela manhã nós do Chupito Bar tomamos conhecimento da publicação no site Dois Terços, de denúncia do estudante Lucas Fernandes, que afirmou ter sido vítima de racismo por parte de um dos nossos funcionários na noite de sábado 31 de Março. O texto diz: “estudante denunciou o caso de racismo após um segurança se negar a permitir sua entrada no estabelecimento, afirmando que era necessário apresentar uma ficha de consumo para ter o acesso liberado”. O textodescreve ainda como o segurança o segurou pelo braço, e que foi necessária a intervenção de seus amigos e de um segundo segurança para que ele pudesse entrar.

Dada a gravidade da acusação, buscamos, tão logo possível, verificar as imagens nas câmeras de segurança e procuramos entrar em contato com os seguranças que estavam em atividade na noite em questão para, tendo ouvido as partes, buscar esclarecer da melhor forma o acontecido e, se necessário, tomar as providências cabíveis.

Verificamos as imagens do nosso circuito interno e vimos que o estudante Lucas Fernandes de fato foi abordado por nosso segurança às 3h06 da madrugada de sábado para domingo. Eles interagem por cerca de 10 segundos e Lucas entra no bar. As imagens mostram que Lucas entrou, consumiu, foi ao banheiro, permaneceu por algum tempo, e então saiu. Não verificamos uma confusão que precisou da interferência de terceiros. Não verificamos a ação do segundo segurança. Havia um segundo segurança, mas este apenas observa à distância. As imagens não mostram o cliente sendo contido pelo braço. A pessoa que vem atrás de Lucas é igualmente abordada. E depois de alguns instantes, entra. São pouco mais de 7 horas de imagem de 3 câmeras que analisamos cuidadosamente e que estão à disposição da justiça.

O Chupito tem espaço reduzido e a lotação do bar é uma preocupação constante. Um espaço interno muito cheio é ruim para os clientes, para os funcionários, colaboradores e é, de fato, uma questão de segurança. Quando o espaço está cheio, é preciso controlar a entrada e saída de pessoas com responsabilidade e de forma ordenada. Priorizamos os clientes que têm ficha de consumo, este é protocolo de funcionamento da casa desde o princípio, que os frequentadores conhecem.

Os frequentadores e colaboradores atestarão a frequência de públicos variados, com gostos, cabelos, roupas, cor de pele, nacionalidades, orientação sexual e preferências das mais diversas em nosso espaço. O Chupito esteve e estará aberto a todos que busquem apreciar nosso espaço, boa música e nossos serviços.

Uma boa semana a todos.

Beatriz Almeida é repórter-estagiária do Portal Correio Nagô.

Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.

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