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Jovens comunicadoras vencem seleção para intercâmbio nos EUA

  • Cristiana é bacharel em artes, estuda jornalismo e é repórter da TV Pelourinho - Foto: Fernando Amorim | Ag. A TARDE | 09.07.2015

    Cristiana é bacharel em artes, estuda jornalismo e é repórter da TV Pelourinho

Aos 23 anos, Cristiana Fernandes de Souza e Alane Teixeira Reis vivem a expectativa de uma experiência inovadora: articuladoras de experiências bem sucedidas em comunicação comunitária, elas irão em setembro deste ano para Atlanta, nos EUA, onde vão conhecer jovens que desenvolvem projetos semelhantes.

Em Atlanta, durante uma semana, elas visitarão comunidades da periferia e serão apresentadas a representantes do governo local e jornalistas. Em seguida, receberão, já em Salvador, os colegas americanos.

O programa que permite essa troca de experiências está em sua terceira edição e é desenvolvido pelo Consulado Geral dos EUA no Brasil, sediado no Rio de Janeiro.

Na capital baiana, a ação conta com o apoio do Instituto Mídia Étnica, organização voltada para o apoio à formação de jovens comunicadores.

“Minha expectativa é encontrar as nossas semelhanças, pois o que existe são culturas diferentes, mas os anseios são os mesmos”, afirma Cristiana de Souza.

“Os EUA têm uma forte tradição em mídia segmentada e isso me interessa muito. A troca de experiências também é uma oportunidade única”, diz Alane Reis.

Engajamento

Como experiências as duas jovens tem muito a mostrar. Moradora do Nordeste de Amaralina, Alane Reis é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ela criou a Revista Afirmativa.

O periódico surgiu no ambiente universitário. “A UFRB tem um debate racial forte e durante um encontro nessa linha conseguimos o apoio para realizar o projeto com a ajuda da professora Denise Ribeiro”, relata. Já saíram dois números da revista e o terceiro está em produção. A dificuldade é conseguir recursos.

“Até agosto o terceiro número deve circular por meio de um edital que vencemos”, completa a jornalista, que também integra o projeto Tela Preta, coletivo de cinema especializado em questões étnico-raciais.

Já Cristiana de Souza é bacharel em artes pela Ufba e estudante de jornalismo pela mesma universidade. Sua paixão por comunicação comunitária começou quando se tornou aluna do projeto TV Pelourinho.

O programa forma jovens de 15 a 29 anos para a produção de conteúdos em audiovisual. Cristiana mora no bairro Castelo Branco, mas passa os dias na região do Pelourinho.
“Acho que o intercâmbio vai ser muito interessante. Quero, por exemplo, apresentar às pessoas daqui, de uma forma mais próxima, Martin Luther King e outras referências que Atlanta certamente possui”, diz.

Na TV Pelourinho, Cristiana atua como repórter. Ela também participa da Produtora Social, projeto que desenvolve programas veiculados até por redes abertas, como a TVE e a CNT. Nessa última, ela apresenta a revista eletrônica Tudo que Há ao lado de Jorge Farias.

Seleção

As duas comunicadoras foram selecionadas em um processo que envolveu duas fases: análise de projetos e uma entrevista realizada por representantes do Consulado Geral dos EUA e jornalistas convidados pelo Instituto Mídia Étnica.

“O número e a qualidade dos candidatos ao intercâmbio nos deu a dimensão do avanço da militância em prol do direito humano à comunicação, em especial da inserção da comunidade negra neste debate e na apropriação das ferramentas de produção e circulação da informação”, aponta André Santana, jornalista, cofundador do Instituto Mídia Étnica e editor do portal Correio Nagô.

Ação estimula trocas culturais e liberdade de expressão

Nas duas primeiras edições do programa de intercâmbio, as cidades envolvidas no projeto foram o Rio de Janeiro e Nova Iorque.

Em 2013, quando a ação começou, Renê Silva e Daiene Mendes do projeto  Voz da Comunidade, que funciona no Complexo do Alemão, foram os escolhidos. De Nova Iorque vieram jornalistas comunitários do bairro do Harlem.

Já em 2014, Michel Silva, da ação Fala Roça, sediada na Rocinha, e Daiene Beatriz do  Alemão em Cena, que funciona no Complexo do Alemão, foram os selecionados no lado brasileiro. Os americanos foram jovens do bairro do Brooklyn. As ações duram uma semana em cada país.

Apoio

O programa de intercâmbio recebeu nos dois primeiros anos o financiamento do Departamento de Estado por meio de um fundo que promove ações consideradas inovadoras.
Para a terceira edição o critério de inovação para o uso do financiamento foi mantido. Assim, o projeto decidiu unir Salvador e Atlanta, cidades com forte legado de cultura afrodescendente.

Segundo o porta-voz do Consulado Americano no Rio de Janeiro, David Fogelson, o objetivo do projeto é criar laços profissionais e pessoais entre comunicadores comunitários dos locais escolhidos.

“Ao criar estas conexões, pretendemos empoderar cidadãos destas comunidades, promover a consciência cultural, fortalecer a liberdade de imprensa e de expressão e fomentar a noção de que somos todos cidadãos do mundo”, acrescentou Fogelson.

Texto: Cleidiana Ramos, Jornal A Tarde, Dom, 12/07/2015

Foto Fernando Amorim | Ag. A TARDE

Link para a matéria: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1696031-jovens-comunicadoras-vencem-selecao-para-intercambio-nos-eua

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