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#JulhodasPretas Disputa por visibilidade no cinema e na saúde encerra seminário

“É um cinema que transcende a égide da homofobia, do racismo, do machismo o que essas meninas fazem. São filmes que para além das denúncias estão falando de nós, a mulher negra como o principal elemento”, disse Edileuza Penha, professora, escritora, historiadora e documentarista quando instaurou a discursão na mesa: “Desconstruindo Estereótipos e Produzindo Perspectivas”, do Seminário Mulheres Negras em Foco, realizado pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, na tarde da última sexta-feira (08), na Biblioteca Pública dos Barris, em Salvador.

Julho das Pretas_Mesa Tarde

Foto: Ana Dindara Rocha

As ‘feras’ da nova geração do audiovisual estavam reunidas para debater ampliação das políticas de incentivo para produções que construam novas representações. “Pensar o cinema numa perspectiva autônoma é considerar como a gente se articula para manter e ampliar as politicas que garantam a nossa existência”, alertou Viviane Ferreira, cineasta baiana do curta “O Dia de Jerusa”, que figura como representante do protagonismo negro e feminino na sétima arte brasileira. Viviane mais as baianas Larissa Fulana de Tal (Cinzas e Lápis de Cor), Thamires Vieira (O Dia que Ele Decidiu Sair de Casa), a carioca Yasmin Thayná (Kbela) e Edileuza Penha sentaram à mesa para falar sobre: “Mulheres Negras no Cinema. Desconstruindo Estereótipos e Produzindo Perspectivas”, – com mediação de Tais Amordivino.  

Em sua fala, Larissa Fulana de Tal, integrante do Coletivo Tela Preta, colocou em voga o peso da culpa sobre os atores negros quando atuam em personagens estereotipados e subalternos na TV. “Antes de colocar em questão o ator que representa o papel de marginalizado, é preciso questionar quem escreveu o roteiro e quem dirigiu. Até porque a gente não vê as resistências que existem dentro do set de filmagem”, postulou Larissa.

Direitos e Visibilidade para as Flores de Lotus

A mesa “A Comunicação para a Garantia de Direitos e Visibilidade das Mulheres Negras como Centro de Debate”, que contou com a nutricionista e professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Denise Ribeiro, a doutoranda em Estudos de Gênero, Mulher e Feminismo pela Ufba, Carla Akotirene, a enfermeira e coordenadora de Saúde da Mulher Negra do Odara – Instituto da Mulher Negra, Emanuelle Góes, a jornalista e empreendedora negra (Encrespando), Lorena Ifé e da jornalista coordenadora da Radioagência Nacional EBC, Juliana Nunes.

Foto: Débora Melo​

Foto: Débora Melo​

Essa diversidade de posicionamentos evidencia a urgência na pauta: ‘mulher negra’ na saúde: “Escrevi um artigo falando das duas faces do aborto no que tange os casos do Zica Vírus. O aborto só é direito se for escolha da mulher, se for uma determinação do Estado não é mais direito é eugenia mesmo. E se o aborto fosse legalizado em decorrência do contágio pelo Zica, as mulheres negras estariam no alvo”, como avaliação de Emanuelle Góes.

Também na intensidade da performance emocionante da atriz Daniele Anatólio, com o espetáculo Lótus que aborda a solidão da mulher através da interpretação dos textos de poetas como Lívia Natália. E como destacou Carla Akotirene ao problematizar a participação masculina sobre a luta por direitos para mulheres negras. “Sobre o extermínio dos jovens, nós vamos sempre para marchas dizer que a polícia está matando os jovens negros. Quantos homens negros vão para as marchas dizer que a gente está morrendo nas clínicas clandestinas de aborto?!’’, analisou com um discurso forte e imperativo.

Texto de Fabiana da Guia, especial para o Correio Nagô

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