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Laicidade é tema de debate no Centro de Referência Nelson Mandela

O seminário “Laicidade e seus impactos nas esferas do Direito, Psicologia, Saúde e Serviço Social” lotou o auditório do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, unidade vinculada à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi), na tarde desta sexta-feira (27), em Salvador.

O encontro contou com a participação de profissionais e estudantes das referidas áreas, assim como representantes da sociedade civil. “Esta é a primeira vez que vejo esse tema sob quatro perspectivas, que são diferentes, mas complementares, sendo setores indispensáveis na garantia de direitos da população, principalmente os grupos mais sujeitos à discriminação racial e violação da liberdade de culto”, disse a assistente social Cláudia Correia.

Além de considerar a discussão enriquecedora para a sua formação, a estudante de Serviço Social, Amanda Santana, pretende multiplicar o conhecimento. “Na minha profissão, vou trabalhar com questões sociais e esse debate me torna mais preparada não apenas para prestar um serviço de qualidade, mas levar a temática a minha comunidade, a fim de despertar a curiosidade e o interesse de outras pessoas”.

O tata Indenduka, do município de Feira de Santana, falou da necessidade do respeito. “A maior dificuldade que temos, enquanto líderes religiosos, é a não aceitação por parte de uma parcela da sociedade. Antes de chegar percebi um olhar diferenciado na rua em relação aos meus adereços”. Ainda para a liderança, o encontro foi “de suma importância para o povo de santo, porque aprendemos sobre os nossos direitos e como devemos correr atrás dentro da comunidade de axé”.

Segundo um dos palestrantes, o representante do Conselho Federal de Psicologia e professor, Valter da Mata, é fundamental para o profissional entender sobre as questões raciais. “Num estado onde mais de 70% da população é negra, que reúne especificidades, perpassando pela construção da identidade e da autoestima, se o psicólogo não tem a dimensão de que o racismo é um vetor de sofrimento psíquico ele não estará trabalhando para superação desses conflitos”, explicou. Mata ressaltou também o cuidado na atuação para não orientar ou “converter” o paciente.

Ao ministrar sobre o papel dos profissionais de Serviço Social neste contexto, a professora da UFBA, Magali da Silva, destacou o trabalho do segmento, “porque o racismo é um fator que produz desigualdades constatadas nas diversas esferas sociais, como educação, saúde e trabalho. A população negra sempre está em desvantagem por conta de questões históricas da escravidão e da República cujo Estado não promoveu políticas que garantissem a igualdade”.

Na oportunidade, o coordenador de Promoção da Igualdade Racial da Sepromi, Sérgio São Bernardo, incentivou aos profissionais a buscarem elementos para desenvolverem um serviço público de qualidade. Para isso, embasou os participantes com leis, a exemplo da de nº 7.716, de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, citando ainda os estatutos nacional e estadual de Promoção da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa.

Conheça o Centro

Vinculado à Sepromi, o equipamento oferece apoio psicológico, social e jurídico a vítimas de racismo e intolerância religiosa na Bahia, com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 9 às 12h e das 14 às 17h. O Centro atua em conjunto com a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, composta por instituições do poder público, universidades, órgãos que formam o Sistema de Acesso à Justiça e organizações da sociedade civil.

Além do atendimento, a unidade dispõe de uma biblioteca especializada em relações raciais e promove diversas atividades voltadas para a valorização da cultura negra e o combate à intolerância. Segundo o coordenador do Centro, Walmir França, o objetivo de atividades como essa “é trazer reflexões para combater qualquer tipo de intolerância. Temos profissionais e estudantes qualificados de Serviço Social, Psicologia e Direito, que atendem a nossa população e podem contribuir para multiplicar esse conhecimento”.

Texto e foto enviados pela Assessoria de Comunicação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial

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