De um simples esfregão a uma solda ultravioleta usada na indústria espacial, invenções idealizadas e construídas por mãos negras ganham publicação inédita no Brasil intitulada “Negros e negras inventores, cientistas e pioneiros” *
O historiador Carlos Eduardo Dias Machado tinha 25 anos quando uma publicidade do McDonald’s abriu seus olhos para a invisibilidade do protagonismo negro no campo da ciência, tecnologia e inovação.
Era um anúncio da rede de fast food em uma edição da revista norte-americana voltada aos afrodescendentes chamada Ebony, que circulou em fevereiro de 1996. A publicidade em homenagem ao Mês da História Negra trazia ilustrações de objetos que foram inventados por pessoas negras (como o semáforo, geladeira, caneta tinteiro, pino de golfe e filamento de carbono para a lâmpada elétrica) sob o seguinte título: “Toda a vez que você usa uma dessas coisas, você está celebrando a história negra”.
“Fiquei feliz ao saber disso, mas ao mesmo tempo muito espantado por nunca ter ouvido sobre inventores negros antes e nunca ter recebido essas informações na escola”, conta.
No mesmo ano, Machado começou a pesquisar sobre o tema e descobriu que não havia nenhum livro em português sobre a importância da população negra na tecnologia e inovação. “Pensei: ‘alguém tem que escrever esse livro, e por que não eu’?”, lembra.
O livro será lançado em Londrina/PR e São Paulo/SP em março deste ano pela EDUEL (Editora da Universidade de Londrina, em parceria com a Uniafro do Ministério da Educação). A publicação faz parte da série “Nossos saberes, nossos conhecimentos”, lançada pelo NEA, Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade de Londrina.
Leia abaixo a entrevista com o autor.
CEERT: Fale um pouco sobre o que te estimulou a pesquisar e, posteriormente, escrever sobre este tema?
Carlos Machado: O meu livro versa sobre a presença de mulheres e homens negros na área da ciência tecnologia e inovação, acrescido daqueles que ganharam o Prêmio Nobel. Depois do episódio do anúncio na revista Ebony, comecei a pensar sobre a referência dominante sobre a população negra. Referência essa que diz que somos bons trabalhadores braçais, fortes, com aptidões nos esportes e