Redação Correio Nagô – A história do tráfico de africanos no Oceano Atlântico e a vida cotidiana do negro na Bahia a partir do século 16 são os temas do livro “Terror e aventura – Tráfico de africanos e cotidiano na Bahia”, da editora Corrupio, com textos das antropólogas Goli Guerreiro e Elizabeth Rodrigues, e que será lançado na próxima quarta-feira (21).
O lançamento será realizado a partir das 18h, na LDM do Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. Com 124 páginas, a obra é fruto de uma abrangente pesquisa e reúne cerca de 80 imagens, incluindo ilustrações do artista Athos Sampaio, gravuras, pinturas e fotografias. O que une as imagens é o fato de exibir o negro como protagonista da “aventura colonial no Brasil, tendo o Recôncavo baiano e a Cidade do Salvador como cenário”.
Escravidão na história, O tráfico atlântico, No engenho dos senhores, Na cidade dos escravos, Pirataria e luta e O dia seguinte são os capítulos do livro. Novidade editorial neste projeto da Corrupio é a varanda, espaço onde o leitor pode conferir o pensamento de autores de diferentes épocas, de Castro Alves em Navio Negreiro, passando por um conto em yorubá traduzido para o português por Mestre Didi e chegando à musicalidade contundente da banda Simples Rap’ortagem.
Membro do grupo e autor do rap Quadro Negro, publicado em uma das cinco varandas do livro, o rapper Jorge Hilton participa da noite de autógrafos, fazendo um pocket show com banda.
Escolas – O livro faz parte ainda de um projeto da Editora Corrupio, destinado à educação de crianças e jovens, e vem suprir a necessidade urgente de uma bibliografia adequada para atender escolas e professores no cumprimento da Lei 10.639 – que determina o ensino da História e Cultura da África, nas escolas do país.
A editora Arlete Soares analisa o momento e diz considerar importante participar da reescrita da história das culturas africanas e afro-brasileiras em pauta no novo processo educacional do Brasil, “sobretudo porque nos dedicamos a isso há mais de 30 anos, desde quando o mundo negro era praticamente invisível e até mesmo evitado no universo editorial brasileiro”.
O volume em lançamento foi concebido para atingir estudantes de 11 a 17 anos. “Este livro voltado para jovens baianos certamente interessará a plateias bem mais amplas. Falando da Bahia estamos abarcando uma história que envolve africanos, europeus e americanos”, conclui a editora.
Estudantes de colégios públicos de Salvador participaram de seções de teste e a obra contou com a consultoria de profissionais como pedagogos e historiadores. “A escravidão é um tema delicado e tivemos cuidado especial para falar com jovens”, explica Goli Guerreiro, pós-doutora em antropologia pela UFBA, onde realizou pesquisa sobre culturas negras no mundo atlântico e desenvolveu a ideia de terceira diáspora.
Já Elizabeth Rodrigues é mestre em antropologia pela UFBA, coautora do livro Ogum, rei de muitas faces e outras histórias dos orixás, da Cia das Letras (2000) e coautora do livro Tutu no Murundu da Companhia das Letrinhas, a ser lançado em fevereiro de 2013.