Ex-presidente afirmou que programa pode ser adotado para ajudar no combate à fome
O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em Adis Abeba, na Etiópia, que o programa brasileiro de transferência de renda Bolsa Família pode ser aplicado no continente africano como forma de combate à insegurança alimentar. Ele defendeu também o aprimoramento da agricultura familiar no continente.
“No Brasil, em oito anos, conseguimos tirar 28 milhões de pessoas da miséria absoluta e conseguimos elevar 40 milhões de pessoas à ascensão de classe social. Foi o maior momento de transferência de renda que nós vimos na história do nosso país. A política de transferência de renda deu certo no Brasil porque tínhamos um cadastro muito bem feito, era um cadastro em que as pessoas recebiam o benefício através de um cartão magnético no banco”, disse Lula sobre o Bolsa Família. É por meio deste programa que o governo repassa dinheiro para mães de família pobres comprarem alimentos. O valor é proporcional à quantidade de filhos.
Essas propostas deverão ser abordadas em março de 2013 em um encontro promovido pela FAO ((Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a AUC (sigla em inglês da Comissão da União Africana) e o Instituto Lula em um encontro de cúpula para discutir propostas de combate à fome na África.
De acordo com informações divulgadas pela FAO, a parceria vai compartilhar experiências que as três instituições têm no combate à fome e, assim, aplicar a técnica adequada à situação de cada país. Lula defendeu que os pequenos agricultores tenham acesso a crédito e a tecnologia. Desta forma, poderão aumentar a produtividade da sua lavoura, aumentar sua renda e desfrutar de uma qualidade de vida melhor.
“Precisamos acabar de uma vez por todas com o discurso da cultura da sobrevivência, ou seja, a pessoa é educada a aprender a produzir apenas o milhozinho que ela vai comer, a mandiocazinha que ela vai comer, a batata que ela vai comer. Tudo isso é muito importante, mas queremos que as pessoas aprendam que, se tiverem crédito e tecnologia, vão produzir mais, vão comer mais, vão vender mais, vão ter recursos em casa para ter acesso a bens materiais e a cuidar melhor da família”, afirmou o ex-presidente brasileiro.
No encontro, Lula, a presidente da AUC, Nkosazana Dlamini Zuma, e o diretor da FAO, José Graziano da Silva, concordaram que o combate à fome na África precisa de compartilhamento de experiências entre os países, melhorias na coordenação e na alocação dos recursos financeiros e humanos que possam fortalecer instituições nacionais e regionais.
Zuma disse que 60% das terras cultiváveis da África ainda não são utilizadas e que este “enorme potencial” pode fazer a diferença no combate à fome. “É hora de ir além da agricultura de subsistência e considerar formas de nos inserirmos na produção agroindustrial”, disse. Segundo a FAO, a quantidade de desnutridos no continente aumentou de 175 milhões em 1990 para 239 milhões atualmente.
Fonte: Opera Mundi