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Madeireiros agridem indígena e enfrentam Polícia Federal no sudoeste do Maranhão

O conflito começou depois que indígenas Pukobjê-Gavião apreenderam caminhões e um trator usados pelos madeireiros para a retirada de madeira da terra indígena

indígenas -Pukobjê-Gavião Cimi Regional Maranhão 1O indígena Frederico Pereira Guajajara, da aldeia Juçaral, Terra Indígena Araribóia, Maranhão, foi agredido na manhã desta terça-feira (15), por madeireiros do município de Amarante do Maranhão, sudoeste do estado, a cerca de 110 quilômetros de Imperatriz.

A agressão aconteceu porque os madeireiros estão revoltados com a apreensão de quatro caminhões e um trator feita pelos índios Pukobjê-Gavião, fato ocorrido na noite do último domingo (13). Os veículos eram usados para a retirada ilegal de madeira de dentro da terra indígena. Frederico ressaltou que a agressão aconteceu porque os madeireiros o confundiram com os Pukobjê-Gavião.

“Os madeireiros bateram na minha cabeça, me empurraram, quebraram meu celular e queriam me jogar no fogo, só não fizeram porque outros indígenas não deixaram”, relatou o Guajajara.

O clima em Amarante do Maranhão é tenso e se agravou com a chegada de agentes da Polícia Federal, Ibama e Funai para apreender os caminhões madeireiros retidos pelos indígenas Pukobjê-Gavião na ação de domingo para combater as invasões do território indígena.

Segundo as lideranças do povo Pukobjê-Gavião, os madeireiros atearam fogo em pneus para impedir a saída dos agentes da Polícia Federal (PF). Sem poderem sair da aldeia Governador e levar os caminhões apreendidos, os agentes da PF solicitaram reforços.

Durante o protesto dos madeireiros, uma viatura da Polícia Federal foi apedrejada e os pneus furados. Dezenas de madeireiros estão reunidos no pátio de um posto de combustível na entrada da estrada que leva à aldeia Governador, onde os caminhões e o trator estão apreendidos.

O Ministério Publico Federal (MPF) foi acionado. As providências estão sendo tomadas para que seja efetivada a retirada dos caminhões e do trator que estão no pátio da aldeia.

“Os madeireiros de Amarante estão dizendo que as lideranças que estão à frente do movimento não vão mais poder andar na cidade de Amarante do Maranhão”, relataram as lideranças do povo Pukobjê-Gavião. Outra situação vivenciada pelos indígenas é o medo da invasão da aldeia Governador pelos madeireiros quando a Polícia Federal deixar o local.

Para a comunidade do povo Pukobjê-Gavião, a situação necessita de uma reposta urgente dos órgãos responsáveis para impedir que os indígenas sofram represálias por defender seu território, indispensável para a sobrevivência física, social e cultural do povo.

Histórico

Apesar de a demarcação do território Pukobjê-Gavião ter ocorrido em 1982, os problemas de invasão não cessaram e persistem em tempos atuais.

Na defesa de seu espaço social e cultural, os indígenas continuam enfrentando invasões de aldeias, como a que aconteceu em 2010, quando 40 madeireiros invadiram a aldeia Rubiácea para retirar apreensões feitas pela comunidade naquela ocasião.

A Terra Indígena Governador passa por um processo de nova demarcação, e, portanto, o território deveria estar livre da ação dos madeireiros, além de outros fatores que vão de encontro aos direitos dos povos indígenas.

Fonte: Brasil de Fato

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