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Masculinidades negras: novos debates ganhando formas

Dois profissionais negros, da área acadêmica e das artes, se reuniram para dar voz a uma realidade no país: colocar de vez a importância da representatividade na sociedade em geral de corpos de homens afrodescendentes. O doutor em educação Paulo Melgaço e o doutorando em memória social Vandelir Camilo organizaram o livro “Masculinidades Negras – Novos debates ganhando formas”  que apresenta 29 autores, 15 artigos e 14 entrevistas. O lançamento será no dia 03 de setembro, no Museu da República, no Catete, às 15h e no dia 17 de setembro, às 13h, no Muhcab, Museu da História e Cultura Afro- Brasileira, no Centro.

Falar de questões relacionadas ao passado da negritude brasileira e que, ao mesmo tempo, se aproximam do presente estado em que vivemos, nos coloca frente a frente com indagações que ainda se fazem importantes e necessárias. É nesta seara que o livro procura jogar uma lupa – apresenta pesquisas voltadas para grandes temáticas de estudos sobre homens negros e as várias dimensões nas construções sociais desses indivíduos relacionados, antes de tudo, ao racismo versus gênero e, por conseguinte, a temas específicos como à paternidade, ao trabalho, à renda, à saúde, à educação e à sexualidade. 

O livro busca inovar ao privilegiar textos e debates que iluminem as diferentes possibilidades de construção de gênero sobre o corpo negro e suas várias dimensões sociais em produções sexuais, intelectuais, artísticas em sentido extenso (literatura, artes, fotografia, teatro, cinema, televisão, etc). 

Nos últimos 30 anos, diferentes pesquisas relativas aos campos da educação, da antropologia, da sociologia, da psicologia e suas relações com raça (negra) e gênero (masculino), passaram a questionar modelos e normas essencializadas e a apresentar novos modelos e possibilidades de ser e estar no mundo. Com isso, homens negros estão apresentando e construindo seus próprios caminhos e possibilidades de estar inserido ou não em determinados grupos sociais. 

Reconhecidas como “masculinidades negras”, elas estão contribuindo para dar forma a este escopo de pesquisa, que, atualmente, tem apresentado uma dinâmica própria e ampliado as condições de afirmação desses debates no âmbito das ciências sociais. Entretanto, esses debates não limitam ou tornam evidentes as fronteiras corpóreas, geográficas ou econômicas sobre corpos negros, mas, mais que isso, entre o próprio campo de pesquisa das masculinidades negras e outras áreas disciplinares, ou mesmo outros campos do conhecimento das ciências humanas o que provoca por si só debates interdisciplinares. 

O resultado, tendo em vista os pesquisadores e pesquisadoras que fizeram parte do processo, oferece uma bela visão da constituição desse campo e do seu desenvolvimento na pesquisa e permite, ainda, esboçar o perfil, os desafios, e as perspectivas de modo bastante definido e consistente.

Um dos principais efeitos desse novo paradigma é o de reverter a imagem, muito difundida em passado recente das ciências sociais e da sociedade em geral, que via estudos relativos aos corpos de homens negros como um tipo de conhecimento anticientífico, sem nenhuma significação ou representatividade na sociedade e para as ciências sociais contemporâneas. Os autores esperam que com este livro possam colaborar para que os debates ganhem a expansão e penetração nacional, além de contribuir para que encontre desafios no sentido de incentivar a formação de novos debates, pesquisas e tensionamentos críticos, bem como sedimentar os estudos e referenciais já existentes.

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