Fotos: vozdascomunidades.com.br
As famílias do Conjunto de Favelas do Alemão, no Rio de Janeiro, não vivem uma “Semana Santa” e têm muito pouco a celebrar neste domingo de Páscoa. Longe disso. Uma série de confrontos entre traficantes e polícias militares, desde a última quarta-feira, 1º, já gerou quatro mortos, outros dois baleados, além de muito medo entre os moradores. A última vítima foi a criança Eduardo de Jesus Ferreira, de apenas 10 anos, baleado na porta da sua casa, no Areal, uma das comunidades do Complexo. Em vídeo divulgado na internet, diante do corpo do menino, moradores acusam os policiais fortemente armados que observam a cena do crime. No vídeo, os moradores chamaram os policiais militares de ‘covardes’ (veja link abaixo).
Como sempre acontece, a Polícia Militar se pronunciou, em nota, informando que os policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHoque) foram recebidos a tiros por criminosos na comunidade. “Houve confronto e um menor foi baleado”, diz o texto. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado e as armas dos policiais serão apreendidas pela Polícia Civil. A Divisão de Homicídios vai investigar o crime. Entre as três vítimas da quarta-feira está a dona de casa Elisabeth Alves de Moura Francisco, 41 anos, atingida juntamente com a filha, dentro de casa. De acordo com a polícia, os outros dois mortos foram Rodrigo de Souza Pereira, 24, e Mateus Gomes Lima, 18, suspeitos de trocar tiros com os policiais.
Desde 2002, o Complexo do Alemão, um conjunto de 15 comunidades, recebeu Unidades da Polícia Pacificador, as UPP, o que não impediu a ação dos traficantes e os constantes tiroteios entre bandidos e policiais, vitimando civis inocentes.
A declaração do governador, Luiz Carlos Pezão, também segue a mesma cartilha de respostas dos governantes, em todo país: “As nossas forças de segurança vão continuar enfrentando a criminalidade. E o Estado também, se preciso, vai continuar cortando na própria carne para perseguir esse objetivo. Não vamos recuar diante da covardia de criminosos. Determinei empenho máximo à polícia nas investigações para que os culpados sejam punidos”, disse Pezão.
Voz das Comunidades – Graças à ação de moradores do alemão, como o ativista Renê Silva, responsável pelo veículo comunitário, Voz das Comunidades, a repercussão do caso fez com que o Conjunto de Favelas do Alemão fosse um dos assuntos mais comentados na noite desta quinta-feira, nas redes sociais, especialmente no Twitter, onde o veículo possui 180 mil seguidores (na conta pessoal de Renê são 100 mil). O tópico #GuerraNoAlemão esteve nas primeiras posições do ranking nacional (trending topics). “Triste saber que estamos sendo lembrados por essa violência, mas ao mesmo tempo estamos compartilhando essas informações que nem toda a grande mídia está mostrando!!!”, declarou Renê em sua conta no Facebook.
Link para o vídeo (contem cenas fortes): Aqui