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Mercado consumidor negro e mídias alternativas foram os temas de encerramento das comemorações dos sete anos do Instituto Mídia Étinca

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O cientista político João Paulo Cunha e o jovem comunicador Rene Silva fizeram parte do evento

 

Os negros movimentam hoje R$ 673 bilhões por ano e, na Classe C, saltaram de 34% em 2004 para 45% em 2009 deste segmento econômico da sociedade. Os dados são do Instituto Data Popular, em parceria com o Fundo Baobá, e foram apresentados nesta terça-feira (16), durante um café da manhã realizado pelo Instituto Mídia Étnica (IME) para apresentar ao mercado publicitário o novo portal do Correio Nagô, no Edifício Mundo Plaza.

“A classe média é o que de fato está injetando dinamismo na Economia. O crescimento dela é também o crescimento da população negra. Na verdade, a cara dessa nova classe média é negra”, destacou o cientista político e consultor do Instituto Data Popular, João Paulo Cunha. Já segundo informações do Governo Federal, cerca de 80% da nova Classe C é formada por afrodescendentes.

Ainda de acordo com os dados do Data Popular, são 100 milhões de brasileiros que se classificam como negros e pardos. O número cresceu de 48,3% da população se diziam negros em 2004 para 51,7% em 2011.

Investimentos – O Nordeste é a região do país com maior contingente de negros, segundo a pesquisa (39 milhões). “Olhar para o Nordeste é fundamental porque aqui concentra-se este público e tem cada vez mais empresas querendo entender o comportamento da nova Classe C”, acrescentou Cunha.

Neste contexto, o cientista político ressaltou ainda que os meios de comunicação devem atentar para este público e suas demandas.“A contribuição do Correio Nagô nesse sentido é de gerar um tipo de comunicação que tem mais identidade com essa população, com um nível de engajamento maior que a mídias tradicionais”, emendou Cunha.

Criado em 2008, o portal de notícias Correio Nagô surgiu para dar conta de um público específico que na maioria das vezes era esquecido pelas empresas de comunicação. Com foco na comunidade afrodescendente, o portal se tornou, quatro anos depois, após uma “repaginada” e a criação de novos canais, uma referência no país.

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Cunha destacou o crescimento da Classe C e a participação dos afrodescendentes

Hoje, o Correio Nagô conta com uma rede de correspondentes em todos os estados do Nordeste e tem uma rede social com mais de 7 mil colaboradores, além de meio milhão de visitas por ano e membros oriundos de 62 países.

Experiências – Durante o evento, que fez parte das comemorações dos sete anos do Instituto Mídia Étnica, o público pode ainda conferir os relatos do jovem carioca Rene Silva, que aos 17 anos ganhou notoriedade ao relatar via twitter “Voz da Comunidade”, a ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, passando de 180 seguidores para cerca de 22 mil. Atualmente, o twitter é seguido por cerca de 90 mil pessoas.

Rene relatou, durante sua apresentação, que a iniciativa dele aos 11 anos de criar com apoio da escola um jornal para relatar problemas da comunidade atraiu o patrocínio de comerciantes. “Tive apoio dos comerciantes locais que viram uma oportunidade de anunciar para a comunidade. Com o número de pessoas querendo anunciar, tivemos que aumentar a quantidade de jornais”, relembrou o estudante que pretende cursar uma faculdade de Jornalismo e vai fazer parte da nova novela da Globo, Salve Jorge, que estréia na próxima semana.

“A gente procurava abordar assuntos que a grande mídia não noticiava. Ela entrava (na comunidade) somente para noticiar os tiroteios e problemas com o tráfico”, compelementou.

Ainda no café da manhã, Rene conferiu um vídeo surpresa, produzido pela equipe do Correio Nagô com a apresentadora e atriz Regina Casé, filmado durante a cerimônia que concedeu a atriz o título de cidadã soteropolitana. Atualmente, o jovem comunicador é consultor do programa “Esquenta”.

“Essas experiências mostram que um tipo diferente de comunicação é possível. A nova Classe C, formada majoritariamente por negros, não costuma se ver nas mídias tradicionais e nem ter suas demandas atendidas. É por essa razão que o Correio Nagô se propõe como um veículo de comunicação diferenciado que tem como alvo o público afrodescendente”, finalizou um dos fundadores do IME, Paulo Rogério.

*Por Anderson Sotero

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