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Mobilização de Repúdio à Violência Institucional enfoca a ação de taxistas em SSA

Em junho (23), o jornalista Eduardo Machado, a cineasta Larissa Fulana de Tal e os dois amigos Willian Costa e Cida Pereira, aumentaram as estatísticas de homens e mulheres negras vítimas do racismo e da violência policial no estado da Bahia.

Ao saírem da praia do Cantagalo, na Cidade Baixa, e tentarem exaustivamente usar o serviço de táxi de volta para casa, os quatro jovens disseram ser discriminados pelos taxistas, que se negaram a cumprir a corrida, alegando que estes se encontravam em trajes inadequados para a condução. Na última tentativa de conseguirem um táxi, um dos motoristas acionou a Polícia Militar, após os jovens questionarem seus direitos de fazerem uso de um serviço público e não entenderem a problematização acerca de suas vestes.

A chegada da polícia, que deveria solucionar o problema, acabou por agravar a situação, conduzindo, coercitivamente, dois dos quatro jovens dentro de uma viatura, sem informar para qual delegacia eles seriam encaminhados.

O episódio resultou na Mobilização de Repúdio à Violência Institucional, realizada, hoje (04), no Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia (CDCN), com as presenças de algumas lideranças do Movimento Negro, que discutiram o ocorrido e se articulam para exigir do poder público e das instituições cabíveis que acompanhem e dêem importância ao caso.

Na ocasião, a conselheira Lindinalva de Paula (CDCN) lamentou esse não ser apenas um caso isolado e destacou muitas outras situações de racismo e violência policial contra a juventude negra. Além disso, lembrou as limitações que a cidade impõe à população negra periférica, que acaba brutalmente impedida de circular em seu território.

A representante do Instituto Steve Biko, Carine Reis, atentou para que as lideranças se empenhem em não deixar esta violência ser normalizada, já que cidadãos brancos não sofrem com o mesmo tipo de discriminação. “É preciso fazer uma campanha ousada, que agite as ruas e force o poder público a tomar as devidas providências”, afirmou.

Também presente na reunião, estava a advogada Dandara Pinho, presidente da Comissão de Promoção a Igualdade Racial da OAB – BA, que apresentou a possibilidade de se formar um grupo para discutir junto à entidade a criação de uma cartilha educativa para taxistas, além de se colocar à disposição para, através da OAB, acionar a Corte Interamericana de Direitos Humanos e garantir maior visibilidade e providências jurídicas sobre o caso.

Os representantes das entidades presentes se comprometeram em construir um ato de denúncia e repúdio ao racismo que violenta os negros na capital baiana. Segundo Dhay Borges, coordenador nacional de mobilização do coletivo de Entidades Negras, “é importante dar encaminhamentos ao que esses jovens passaram, apesar do nosso cansaço, porque o racismo cansa”, desabafou.

A Drª. Vilma Reis, ouvidora da Defensoria Pública do Estado da Bahia, garantiu que a denúncia dos jovens terá a atenção da Defensoria e pediu que o movimento social também force um diálogo com a prefeitura e o estado, para esse e outros tipos de violências.

Larissa e Eduardo seguem no enfrentamento à vitimização policial e garantem não deixar o episódio cair no esquecimento, já que ambos acreditam que travar essa luta contra o abuso do poder de polícia seja uma ação pelas suas próprias vidas e pelas vidas de outros jovens negros em qualquer lugar do Brasil. Com boletim de ocorrência negado na saída da delegacia, eles agora seguem com acompanhamento da advogada Dandara Pinho.

Esteve também presente, nessa mobilização, o coordenador do Coletivo de Entidades negras – Marcos Rezende, a conselheira Rose Mafalda, a publicitária Ivana Sena, o jornalista Valdeck Almeida, Geovan Bantu, Yulo Oiticica da Comissão Estadual de Direitos Humanos e outros representantes de coletivos negros.

Texto da Revista Quilombo, publicado na fanpage Aqui

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